Pedro Passos Coelho é o próximo a sair na rifa da comissão de inquérito ao BES. Os socialistas vão também apresentar um requerimento para questionar o primeiro-ministro sobre a reunião que manteve com Ricardo Salgado. Quinta-feira, PS, PCP e BE anunciaram que iriam pedir esclarecimentos por escrito ao Presidente da República e ao vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, também devido a reuniões tidas com o ex-banqueiro Ricardo Salgado.

“O PS entregará também um requerimento para obter um depoimento por escrito ao primeiro-ministro. (…) Se os depoimentos por escrito do Presidente da República e do vice-primeiro-ministro são importantíssimos a colaboração do primeiro-ministro não é menos importante”, afirmou o deputado Pedro Nuno Santos em declarações aos jornalistas.

Este pedido surge na sequência de um outro ao Presidente da República. O deputado socialista não compreende a nega do Presidente uma vez que as “declarações [que fez] são públicas” e apela ao chefe de Estado que “colabore com a comissão de inquérito. Todos têm direito a saber tudo o que aconteceu e o Presidente da República pode dar um contributo muito importante”, acrescentou.

Mas além de Passos Coelho e de Cavaco Silva, o PS quer que seja o próprio Ricardo Salgado a esclarecer o que disse, uma vez que a carta que enviou à comissão de inquérito traz novidades, nomeadamente que as reuniões que manteve com dirigentes políticos também versaram sobre o BES. Disse Pedro Nuno Santos que Ricardo Salgado tem de ser novamente ouvido para que “não use as informações que libertou, para desviar a atenção das responsabilidades que tem em todo este processo”.

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“Tem de explicar porque não deu esta informação na primeira vez que cá esteve. Tem de dizer tudo o que foi conversado nestas reuniões e o porquê de, sabendo que não ia haver correspondência aos seus apelos, deixar que o aumento de capital se realizasse, sabendo que a operação não ia ter sucesso. (…) Não conta com o PS para desviar as atenções sobre este processo”, disse o deputado.

A reação do deputado do PS Pedro Nuno Santos surge na sequência das afirmações do Presidente da República que recusou esta sexta-feira de manhã prestar mais esclarecimentos sobre o seu conhecimento do caso BES. Em declarações aos jornalistas, Cavaco Silva disse mesmo ser “mentira” que alguma vez tenha falado do Banco Espírito Santo – disse, sim, que tinha feito três afirmações sobre o Banco de Portugal -, e recusou comentar o teor das conversas que manteve com Ricardo Salgado, dizendo que já fez 2.500 audiências a personalidade e todas elas “são reservadas”.

A polémica começou na quinta-feira depois de o Observador ter divulgado a segunda carta que o ex-presidente do BES enviou à comissão de inquérito. Na missiva, Ricardo Salgado detalhava duas reuniões que manteve com o Presidente da República no ano passado e, contou, que na última, em maio, falou dos problemas do Banco Espírito Santo, além dos problemas do Grupo Espírito Santo. Além dessa conversa com o Presidente da República, Ricardo Salgado teve encontros com vários responsáveis políticos, incluindo o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.

O problema coloca-se, para a oposição, porque as reuniões de Salgado com os dirigentes políticos aconteceram antes do aumento de capital do banco e por isso querem saber exatamente qual a informação que dispunham e porque não travaram a subscrição do aumento de capital.