O presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM) considera que o PSI20, principal índice da bolsa portuguesa, tem vindo a perder empresas cotadas importantes e que se arrisca a continuar periférico.

Depois da aprovação da venda da PT Portugal ao grupo francês Altice pelos acionistas da PT SGPS, a 22 de janeiro último, alguns analistas começaram a especular a possibilidade daquele título poder vir a sair da bolsa.

Só na última semana, as ações da PT SGPS recuaram 28,38%, enquanto num ano a desvalorização do preço das ações é superior a 80%. Contactada pela Lusa, fonte oficial da PT SGPS garantiu que a empresa “não tem intenções de sair da bolsa”. Para o presidente da ATM, Octávio Viana, “é difícil a PT SGPS deixar de ser cotada”, apontando que a sua saída implicaria “uma série de condições” e neste momento “não existem pressupostos para que a empresa tenha perda de qualidade de sociedade aberta”.

No entanto, depois da desvalorização registada nos últimos tempos, Octávio Viana arrisca a considerar que “a PT está moribunda”. “Estamos a perder empresas [no PSI20]”, afirmou, aludindo às saídas de empresas como Cimpor, Brisa e mais recentemente o antigo Banco Espírito Santo (BES), e apontou que a bolsa portuguesa “sempre foi uma empresa periférica” e essa é uma tendência que irá continuar.

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Em relação ao PSI20, explicou que este tem “volatilidade, muito à custa da PT, que apesar dos problemas que tem tido, continua a ter um peso muito significativo no índice” principal. Para o analista do Banco Big, João Lampreia, caso a PT SGPS deixasse de estar cotada no principal índice isso levaria a que “a bolsa ficasse mais negativa”. “Não se prevê que haja um grande regresso de capitais estrangeiros” à bolsa portuguesa, continuou o analista, acrescentando que “em termos gerais, há cinco a seis títulos que podem atrair ‘private equities'” e não mais que isso.

O mercado de capitais português “é periférico e os colapsos e saídas [das empresas] de bolsa fizeram com que o PSI20 ficasse mais pobre”. Para este ano, o analista disse esperar “um desempenho melhor do PSI20”. Atualmente, o PSI20 conta com 18 títulos cotados e que este é o mínimo de empresas que o índice agrega.

“Não pode ter 17 empresas, se por algum motivo isso acontecesse, [a vaga deixada] tinha de ser substituída”, explicou à Lusa o presidente da Euronext Lisbon, Luís Laginha de Sousa. A próxima revisão anual do PSI20 está agendada para março. Sobre a bolsa portuguesa, Laginha de Sousa considerou que o mercado de capitais “pode ser um meio ao serviço” do desafio estrutural do país.

O ideal era que a bolsa fosse um meio “utilizado tão amplamente quanto possível”, no entanto “não acontecendo com a rapidez e dimensão que gostaríamos, e tendo havido estes casos recentemente [saída do BES e da Brisa da bolsa], isso não retira a minha leitura de que o mercado desempenha um papel fundamental e há todas as condições para que, se houver vontade dos vários agentes envolvidos, que possamos alargá-lo tão rapidamente quanto possível o PSI20”, disse Luís Laginha de Sousa.

O presidente da Euronex Lisbon lembrou que a bolsa portuguesa está integrada “num grupo internacional” e que atua “no panorama internacional com as melhores regras”. Questionado sobre qual é expectativa quanto ao desempenho do PSI20 este ano, Laginha de Sousa disse que não cabe à Euronext Lisbon comentar o assunto. “Acho que não há razões para que [o PSI20] não evolua”, adiantou.