Num comunicado ao país transmitido pela televisão e presenciada por alguns líderes tribais e representantes militares, os rebeldes Hostis deram a conhecer o novo regime do Iémen. Os rebeldes anunciaram a dissolução do parlamento do Iémen e a tomada do poder no país. Numa série de decretos constitucionais, alteraram a estrutura de poder do país: mandataram um conselho nacional com cinco membros para substituir o parlamento e escolher um governo tecnocrático. E também decretaram um período de dois anos para formalizar a transição de poder, durante o qual a governação do país será na prática da responsabilidade da liderança Houti – e como esta etnia é exclusivamente xiita será difícil fazer-se respeitar pela minoria sunita que existe no sul do país.
Mas a transição está longe de ser unânime no país. Nas regiões sul do país, este movimento é visto como uma ingerência declarada do Irão nos assuntos internos do Iémen e a transição está a ser contestada. Em declarações à Al-Arabiya, um delegado da Conferência Nacional fez questão de afirmar que os rebeldes sabem que o seu poder “não se estende ao sul. Este grupo militar quer controlar o Iémen mas sabe que isso nãos será possível”. A leste, continuam os confrontos com o braço local da Al-Qaeda, que ainda está muito ativa.
Falta saber o que a liderança unificada do exército irá fazer. Segundo as cadeias internacionais presentes em Sanaa, os rebeldes que controlam a capital parecem ter o apoio militar, mas está por saber se o topo da hierarquia militar apoia de forma unânime este novo governo. Em termos externos, até agora o único apoio ao novo governo vem do Irão. Mas estando os Houtis ativos no combate à Al-Qaeda, será difícil aos governos ocidentais não apoiar esta transição, mesmo que apenas de modo tácito – apesar de as Nações Unidas já terem afirmado que não reconhecerão o novo poder. E a Arábia Saudita, que é a outra força dominante na região e tem combatido os Hostis, também ainda não anunciou o que vai fazer.