“Modernidades: Fotografia Brasileira (1940-1964)” é o título da exposição que vai estar patente, a partir do próximo dia 21, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, numa iniciativa do Programa Próximo Futuro, foi anunciado nesta segunda-feira.

A exposição, com curadoria de Samuel Titan Jr., Ludger Derenthal e António Pinto Ribeiro, atravessa duas décadas e meia de transformação social e desenvolvimento, dos anos de 1940 às vésperas da ditadura, em 1964, através do “trabalho de quatro grandes nomes da fotografia moderna do Brasil: Marcel Gautherot, José Medeiros, Thomaz Farkas e Hans Gunter Flieg”, segundo a mesma fonte.

O Brasil, no início da década de 1940, quando a Europa era palco da II Guerra Mundial, surgiu “como opção para milhares de imigrantes, ao mesmo tempo [que] vivia um processo de modernização único, que agitou todos os setores da sociedade brasileira”, escreve a FCG. “Essa transformação vertiginosa do país é explorada nesta mostra, através do olhar de quatro fotógrafos, cujo trabalho apresenta uma grande variedade estilística”, sublinha a FCG.

“Nesta exposição, vemos a Amazónia intocada, as praias e o quotidiano do Rio de Janeiro, mas também o carnaval, o futebol, os ritos de iniciação de religiões africanas, os portos fluviais e os pescadores no Norte, as indústrias e as fábricas, as igrejas barrocas, as tribos indígenas, as ferramentas mecânicas, as festas populares, os edifícios modernistas e a nova capital, Brasília”, adianta a FCG no mesmo comunicado. “Temas muito díspares que permitem fazer um retrato do Brasil, numa determinada época, que terminou com o início da ditadura militar, em 1964”, remata a FCG.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A mostra reúne testemunhos de Marcel Gautherot (1910-1996), “um parisiense de origem operária, admirador das obras dos [arquitetos] Le Corbusier e Mies van der Rohe, que, a partir de 1958, teve livre acesso às obras de Brasília — um reflexo da amizade que mantinha com Oscar Niemeyer”.

Hans Gunter Flieg (1923), judeu alemão, “refugiou-se do nazismo no Brasil, onde chegou em 1939, tendo-se especializado em fotografia industrial”. Thomaz Farkas (1924-2011), húngaro emigrado no Brasil, talvez o mais conhecido dos quatro fotógrafos, “é também o mais ‘vanguardista’ do grupo”, uma vez que, desde muito jovem, se interessou “pela fotografia como obra de arte”. José Medeiros (1921-1990), fotojornalista brasileiro nascido em Teresina, no Piauí, um Estado pobre, “sem grande tradição cultural”, “aprendeu a fotografar nas redações cariocas, atento às mudanças e ruturas em todas as classes sociais”.

“Escolhemos estes quatro fotógrafos pela diversidade e pelo caráter complementar dos seus trabalhos”, afirma, no comunicado da FCG, o curador Ludger Derenthal. “Analisados em conjunto, [os quatro fotógrafos] dão conta perfeitamente de duas décadas de cultura brasileira”, prossegue Derenthal, que, com Samuel Titan Jr., assinou a curadoria de uma primeira versão desta exposição, realizada entre 2013 e 2014 no Museu da Fotografia, em Berlim.

Os acervos dos fotógrafos escolhidos estão sob a tutela do Instituto Moreira Salles, do Brasil. A exposição fica patente em Lisboa, até abril, e, a partir de maio, “uma nova versão desta exposição” será apresentada no Centro Calouste Gulbenkian, em Paris, que este ano completa 50 anos de atividade.