Um morto e pelo menos dois feridos, foi o resultado de rixas entre militantes de duas alas da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) durante o primeiro dia de congresso daquele partido, informou a polícia angolana.

Segundo o porta-voz da Polícia Nacional, comissário Aristófanes dos Santos, a polícia foi chamada a intervir depois de confrontos entre militantes daquele partido, que iniciou esta sexta-feira o seu quarto congresso ordinário para a eleição de uma nova direção. Aristófanes dos Santos explicou que a vítima, de 78 anos, foi agredida com um pau, por um militante de outra ala. Acabou por falecer depois de socorrido pela polícia à entrada do hospital e o alegado agressor já foi detido.

Em declarações aos jornalistas, Aristófanes dos Santos acrescentou que aquela força assegurou o policiamento no exterior do local escolhido para a realização do congresso, em Viana, nos arredores de Luanda. Frisou, contudo, que não é responsabilidade do efetivo assegurar o policiamento no interior do recinto e que a intervenção acontece apenas quando solicitada pela organização.

A sessão de abertura do quarto congresso ordinário estava prevista para as 11h locais (menos uma hora em Lisboa), mas a intervenção inicial, pelo presidente da FNLA, aconteceu já depois das 15h locais. Nessa intervenção, Lucas Ngonda, que é também um dos quatro candidatos à liderança no próximo mandato, lamentou os incidentes e anunciou que vai escrever à Presidência da República, queixando-se por a polícia não ter comparecido no local no início do congresso, como tinha sido solicitado pela direção da FNLA, face a alegadas ameaças.

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A outra fação da FNLA — da qual seria proveniente a vítima mortal dos confrontos de sexta-feira — é liderada por Ngola Kabangu, destituído da presidência após decisão do tribunal, mas que se assume igualmente como líder da FNLA, um dos movimentos históricos da luta de libertação nacional angolana.

Durante a manhã, no confronto físico e verbal entre elementos das duas fações do partido, pelo menos dois militantes ficaram feridos, apedrejados, e a polícia foi então chamada a acalmar os ânimos. Devido a esta situação, o congresso foi prolongado por mais um dia, com a sessão de encerramento agora prevista para segunda-feira.

No sábado, terá lugar a eleição dos órgãos do congresso e no domingo a da direção do partido, à qual concorrem, além do atual líder, também Pedro Gomes, Tozé Fula e David Martins, os três militantes oriundos da província do Bengo. Juntamente com o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no Governo desde 1975, e com a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, a FNLA foi um dos movimentos nacionalistas envolvidos na guerra pela libertação angolana do domínio colonial português.

Conhecido como o partido “dos irmãos”, a FNLA foi fundada há mais de meio século pelo histórico líder angolano Holden Roberto. Contrariamente ao peso do MPLA e da UNITA no plano político angolano, a FNLA conta atualmente com apenas dois deputados eleitos ao parlamento e tem vindo a enfrentar vários problemas na sua organização interna.