O grupo de lesados do BES que invadiu, na manhã desta quinta-feira, uma delegação do Novo Banco em Braga, deixaram um “apelo” ao presidente da República e criticaram o supervisor bancário por não lhes dar nem “segurança” nem “respostas”. Numa declaração lida à saída das instalações do Novo Banco, cerca das 16 horas e depois de conversações com agentes da PSP e a gerência da delegação bancária, o representante dos lesados do BES, Manuel Esteves, agradeceu ainda a “solidariedade” demonstrada pelos funcionários que, disse, se consideram também eles “enganados”.

As instalações do Novo Banco, na Rua do Souto, centro de Braga, foram invadidas por volta das 11 da manhã, por cerca de 40 lesados do BES que exigiam a devolução das “poupanças da vida” que tinham “confiado” ao banco, então liderado por Ricardo Salgado, empenhando cartazes com palavras de ordem contra o Banco de Portugal e onde apelidavam os responsáveis do antigo BES de “mentirosos” e “gatunos”.

“Aguardamos uma resposta do Banco de Portugal e do Novo Banco no cumprimento dos seus compromissos. Estamos solidários com os agentes de polícia que estão aqui e nos dão segurança, algo que o supervisor não tem feito”, leu Manuel Esteves que se dirigiu depois aos órgãos de soberania nacionais. “Apelamos ao Presidente da República, apelamos à Assembleia da República e ao Banco de Portugal”, disse, esclarecendo depois que o que desejam “são respostas”.

Durante as cerca de 5 horas durante as quais o grupo ocupou as instalações do Novo Banco na Rua do Souto não se registou nenhum incidente, com exceção para uma das manifestantes que perdeu os sentidos e foi assistida no local pelo INEM. Ao longo do dia os lesados gritaram palavras de ordem contra o governador do Banco de Portugal, contra Ricardo Salgado e contra os gestores bancários de várias delegações do antigo BES.

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“Fui enganada, estou espoliada dos meus haveres. É uma vergonha, vivermos num país onde os órgãos da supervisão andam à trolha. É uma vergonha, vivermos num país anarca. Temos uma supervisão que diz-se e contradiz-se e nós estamos aqui sem ninguém que nos proteja”, disse à Lusa Arminda Gonçalves.

“Não recebi do Novo banco nenhuma indicação do que aconteceu ao meu dinheiro. O que eu sei é pelos órgãos de comunicação social”, queixou-se ainda aquela lesada que tinha aplicado dinheiro no chamado “papel seguro”, dinheiro esse que “desapareceu”.

Outro manifestante, Carlos Capataz, apontou culpas à gestora do balcão do qual era cliente. “Quem me enganou foi a gestora do meu banco. Mas ela não tem a responsabilidade toda, estava a vender-me um produto podre mas alguém lhe disse também que era bom”, afirmou. “Tinha aqui as poupanças de muitos anos de trabalho. Poupei, sacrifiquei-me e agora estou sem dinheiro”, lamentou.