Está decidido. Alexis Tsipras não irá submeter o acordo atingido com o Eurogrupo a votação no parlamento de Atenas, apesar de liderar um governo de coligação com maioria absoluta. As “objeções fortes” que, segundo fontes citadas pela imprensa grega, Tsipras está a enfrentar nas últimas reuniões do Comité Central do partido levam a que o primeiro-ministro grego prefira proteger-se de uma votação que, na prática, funcionaria como uma moção de confiança.

Porta-voz do governo grego, Gabriel Sakellaridis, afirmou esta segunda-feira que a extensão por quatro meses do acordo com o Eurogrupo será discutida mas não votada pelos 300 deputados gregos. A informação foi dada à Capital.gr. Além dos dois deputados dos Gregos Independentes, com quem o Syriza está em coligação, o partido de Alexis Tsipras conta com 149 deputados, perfazendo uma maioria de 151 deputados. No entanto, mesmo dentro do Syriza tem havido dissidências que, em alguns casos, poderiam transformar-se em votos desfavoráveis que deitassem o acordo por terra.

Assim, o trabalho legislativo com vista à extensão do acordo será feito sem plebiscito parlamentar. Na quarta-feira, dia em que houve uma reunião de 11 horas do grupo parlamentar do Syriza, Tsipras insistiu numa votação informal do acordo: dos 149 deputados do Syriza, cerca de 30 votaram contra o acordo com o Eurogrupo ou abstiveram-se. Estes votos poderiam não se traduzir em votos numa eventual consulta ao Parlamento, mas chegam para evidenciar as divergências dentro do Syriza quanto a um acordo que é visto como uma concessão em praticamente toda a linha de Tsipras aos parceiros europeus.

Esta manhã, uma fonte do Syriza chegou a sugerir que o governo pode cair e serem marcadas novas eleições. “Se for decidido que não iremos recuar [no acordo obtido com a Europa] e levar [a assistência externa] até ao fim, então uma reafirmação do mandato popular será necessária”, disse um parlamentar do Syriza ao Capital.gr. “O que acordámos com os nossos credores nunca será implementado. E todos sabemos que assim é”, afirmou um colega de Alexis Tsipras no governo grego, ao cabo de mais uma reunião tensa da Comissão Central do partido para discutir o acordo com o Eurogrupo – uma reunião em que se notaram “objeções graves” ao acordo por parte de alguns parlamentares.

O porta-voz do governo grego garantiu, também, esta segunda-feira, que o governo tem condições para suportar os pagamentos necessários em março, um mês em que só ao FMI a Grécia tem de pagar um total de 1.590 milhões. O governo está a ser pressionado a começar a aplicar algumas reformas já, tendo Jeroen Dijsselbloem, o presidente do Eurogrupo, admitido um “primeiro desembolso” da tranche de 7.200 milhões de euros que está pendente com a derradeira avaliação do programa de assistência externa.

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