Efeitos especiais atraem pessoas e convencem-nas a dar dinheiro para, em troca, estarem umas horas sentadas no cinema, com os olhos vidrados num ecrã. Há filmes de ficção científica, de aventura, de ação que gastam milhões e milhões em tecnologia, a inventar coisas que, na realidade, e sem ela, não seriam possíveis. Há filmes que se alimentam disto. E depois há Zach King, o rapaz norte-americano que com a imaginação, uma câmara, um computador e um programa de edição de vídeo, também faz magia. Só que em casa. Melhor, na garagem.
Zach tem 23 anos e, aos seis, logo em criança, já brincava com uma câmara de filmar. O vício começou aí e, depois de muitas experiências, gravações e vídeos, decidiu criar uma coisa a sério. Porque antes teve uma ideia e nunca mais se afastou dela: fazer magia em vídeo e “inspirar as pessoas”, como, em tempos, confessou à ABC, estação de televisão norte-americana.
Para o fazer aproveitou-se da Vine, uma plataforma que permite criar e publicar vídeos com um máximo de seis segundos de duração, que depois são reproduzidos em loop, de modo repetido. Zack começou a criá-los em 2012, não mais parou e hoje vai com mais de 2,7 milhões de seguidores nesse site, onde os pequenos vídeos, no total, já foram vistos por mais de 650 milhões de vezes. No YouTube, aliás, o canal no qual publica os vídeos que, em conjunto, ultrapassaram os 16 milhões de visualizações.
O californiano, residente em Los Angeles, não demorou a dar nas vistas e chamar para alguns focos de popularidade. Sobretudo quando foi convidado para o talk show de Ellen deGeneres e aproveitar para, também lá, criar um destes vídeos com a ajuda da plateia. Ou quando aterrou na passadeira vermelha da mais recente cerimónia de entrega dos Óscares de Hollywood, vindo dos lençóis e cobertores da sua cama. Confuso? Pois, o melhor é mesmo ver. Esse e truques como atravessar paredes, saltar para o banco de um carro em movimento ou pular para uma mini-piscina e desaparecer.
Zack King aterrou nas redes sociais e de partilha de vídeos em 2012, inicialmente com vídeos tutoriais sobre como usar o Final Cut, um programa de edição de vídeo da Apple, ao reparar que, na internet, não existia tal coisa. Daí à produção da magia em seis segundos foi um passo e, hoje, já publica um vídeo por semana. “Por norma cada vídeo demora cerca de cinco horas a ser gravado e editado”, indicou, ao revelar que, “às vezes, faz cortes simples, com saltos”, nos quais “congela” e pede a amigos que “lhe troquem as roupas”. O resto é edição, montagem de planos e atinar com os enquadramentos certos.
E já é assim que Zack vai ganhando a vida. A divertir-se e a ganhar dinheiro, sim. Porque o seu trabalho foi detetado pelo radar de marcas como a Lacoste ou a Microsoft, que gostaram do que viram e, por isso, pediram ao norte-americano que fizesse o que faz melhor em prol de uma parceria, em jeito de anúncio publicitário. Uma das propostas deu nisto, por exemplo.
Assim está hoje o jovem que, há cerca de seis anos, se mudou da cidade de Portland, no estado do Oregon, para Los Angeles, na Califórnia, para perseguir uma carreira que pretendia fazer chegar a Hollywood, e acabou a, por enquanto, editar vídeos na garagem de casa. E tudo começou com o sonho de realizar filmes como Steven Spielberg. Quem sabe um dia.