“Será para sempre impossível esperar de Adolf Hitler qualquer ato misericordioso ou tratamento humano”, afiançou em 1943 Henry Murray, psicólogo ligado à Universidade de Harvard a quem o Office of Strategic Services (atual CIA) encomendou um perfil psicológico do líder nazi. O relatório “The Personality of Adolf Hitler“, de 229 páginas, recuperado pela Business Insider, descreve um homem “completamente destroçado”, com um aperto de mão frouxo e incapaz de manter relações humanas normais, das mais básicas às mais íntimas. Atormentado por um Complexo de Édipo extremo, ficou gravemente traumatizado por ter apanhado os pais a terem relações sexuais.

Não é novidade que Adolf Hitler teve uma infância conturbada, o que terá sido decisivo para os atos que viria a tomar enquanto líder do governo alemão. Mas o perfil traçado por Henry Murray, que o governo dos EUA encomendou para tentar prever o comportamento de Hitler, vai mais longe a explicar a origem dos traumas de infância.

Segundo o psicólogo, Hitler sofria de graves complexos de inferioridade associados à sua magreza e aparência frágil. Sentia-se, também, inferior aos colegas da escola por ser oriundo de uma família com menos posses. Adolf “nunca fez qualquer trabalho manual, nunca fez desporto e foi rejeitado pelo Exército”, o que terá atiçado ainda mais o seu complexo de inferioridade. A mãe de Hitler, por quem este nutria grande carinho, acabaria por deixá-lo abandonar a escola. Já em relação ao pai, o pequeno Adolf tinha uma relação de subserviência e temor, mas o seu sentimento era de que o pai exercia a liderança da família com “severidade tirânica e injustiça”.

1899:  Austrian-born German dictator Adolf Hitler (1889 - 1945), as a ten year old boy.  (Photo by Hulton Archive/Getty Images)

Adolf Hitler com 10 anos. (Hulton Archive/Getty Images)

Vítima do complexo que Sigmund Freud chamou de “complexo de Édipo”, sentia forte raiva do pai, ainda que alguma inveja da sua masculinidade. Segundo Murray, em criança Adolf Hitler sonhava em humilhar o pai para recuperar “a glória perdida da mãe”, escreve o psicólogo, citado pela Business Insider. Daí que, quando aos 12 anos apanhou os pais a terem relações sexuais, a experiência deixou grandes marcas. Os pesadelos horríveis seriam um problema para Hitler até ao fim da vida.

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Pela mesma altura, Hitler seria apanhado com uma jovem em experimentações sexuais e, possivelmente associado a este acontecimento e pelo castigo que sofreu, viria a desenvolver uma doença conhecida como sifilofobia, um terror de morrer devido a doenças venéreas. Hitler “olhava para as relações sexuais como um ato imundo”, escreve Henry Murray.

German dictator Adolf Hitler (1889 - 1945) with his mistress Eva Braun (1912 -1945), whom he married on April 29, 1945, the day before they committed suicide, early to mid 1940s. Hitler holds a cane, and Braun holds a camera. (Photo by Hulton Archive/Getty Images)

Adolf Hitler e Eva Braun, com quem viria a casar na véspera de ambos se suicidarem. (Hulton Archive/Getty Images)

Em adulto, Adolf Hitler, um “masoquista total” segundo Henry Murray, era “incapaz de consumar um ato sexual de forma normal”. Sentia-se atormentado pela “incapacidade de impor poderio sexual perante as mulheres, o que compensa tentando exibir força perante os homens”. Hitler teve várias parceiras sexuais antes da que viria a ser a sua companheira, Eva Braun, com quem acabaria por casar pouco tempo antes do suicídio de ambos, segundo reza a História.

Henry Murray nota que Adolf Hitler tinha “mãos excecionalmente bonitas”, mas tinha um aperto de mão “frouxo e húmido”. Recebia elogios pela cor azul-cinza dos seus olhos, mas tinha uma expressão “morta e impessoal”. Tinha uma conduta “hipnótica” mas era incapaz de fazer conversa de circunstância. Estas e outras contradições são exploradas pelo psicólogo de Harvard nas 229 páginas de “The Personality of Adolf Hitler”.