A X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate volta a reunir-se na terça-feira, estando em condições de apresentar conclusões até ao final do mês, disse à agência Lusa o secretário-geral do PSD, José Matos Rosa.

Presidida pelo deputado social-democrata José Matos Rosa, a comissão de inquérito ao caso Camarate visa averiguar as “causas e circunstâncias em que, no dia 04 de dezembro de 1980, ocorreu a morte do primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro, do ministro da Defesa Nacional, Adelino Amaro da Costa, e dos seus acompanhantes”.

“Já reunimos todos os elementos que estavam em falta para a nossa análise, entre os quais documentação relativa à auditoria final do Fundo de Defesa do Ultramar, e estamos em condições de apresentar conclusões até ao final do mês”, disse José Matos Rosa.

O Fundo de Defesa Militar do Ultramar (FDMU) e o comércio e exportação de armamento são as duas principais linhas de investigação seguidas pela X comissão.

Uma anterior auditoria às contas do gabinete do CEMGFA (Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas) entre 1974 e 1980 detetou “diversas discrepâncias contabilísticas” e estabeleceu “ligações financeiras entre o gabinete e o FDMU, evidenciadas pelas transferências entre contas”, lê-se no relatório da VIII comissão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Além da documentação relativa à auditoria do fundo de defesa do ultramar, os deputados também já têm na sua posse imagens que estavam em falta da RTP sobre o acidente, assim como o depoimento do antigo Presidente da República e membro do Conselho de Estado, general Ramalho Eanes.

A comissão tem um mandato da Assembleia da República para funcionar por mais 29 dias, período no qual se deverão realizar cerca de 30 audições.

Na terça-feira, pela manhã, os deputados procedem à audição dos peritos da Inspeção-Geral de Finanças sobre auditoria final ao fundo de defesa, ouvindo Fernando Lobo do Vale (chefe de equipa), Conceição Rodrigues e Ana Filipa Gonçalves.

No mesmo período da manhã, os deputados vão ouvir um conjunto de inspetores e agentes sobre as circunstâncias da morte de José Moreira e sua companheira.

José Manuel Silva Moreira, que detinha um avião que foi usado ao serviço da campanha presidencial do general Soares Carneiro, era tido como uma testemunha decisiva na I comissão de Camarate e deveria ter sido ouvido no parlamento dias depois de ter morrido.

A morte do proprietário de aviões foi na altura tida como acidental, por via de uma falha de gás, com os médicos especialistas já ouvidos no Parlamento a admitirem outros cenários para o óbito.