O Brasil vai sofrer uma recessão de 1% este ano, mas em 2016 já deverá inverter a tendência e crescer 1%, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) no ‘World Economic Outlook’ (WEO), hoje divulgado em Washington.

A degradação do panorama económico no Brasil é bem visível pela revisão em baixa das perspetivas económicas, que passaram de um crescimento de 1,5%, previsto em outubro do ano passado na segunda edição anual do WEO, para uma recessão de 1% prevista agora em abril, na primeira edição de 2015 do relatório.

Também negativa é a evolução prevista para a inflação este ano, que deverá chegar aos 7,8%, bem acima do limite superior da meta definida pelo banco central e pelo Governo brasileiro, isto é, 4,5% com uma variação de dois pontos.

Em 2016, no entanto, os analistas do FMI já antecipam uma redução para 5,9%, depois de ter terminado o ano de 2014 nos 6,3%. Onde a tendência é de contínua subida é no desemprego, cuja taxa deverá crescer de 4,8% em 2014, para 5,9% e 6,3% neste e no próximo ano.

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“O sentimento do setor privado tem permanecido teimosamente baixo, mesmo depois de as incertezas relativas às eleições presidenciais se terem dissipado [com a reeleição de Dilma Rousseff], refletindo o risco de racionamento de água e eletricidade, desafios de competitividade que não foram atacados, e as consequências da investigação judicial” ao escândalo financeiro de corrupção na Petrobras, a maior empresa pública brasileira.

As autoridades brasileiras, diz o FMI, têm manifestado a intenção de equilibrar as contas públicas e reduzir a inflação, o que ajudaria a restaurar a confiança dos investidores no cenário macroeconómico defendido pelo Governo brasileiro, mas o reverso da medalha é que isso vai “Diminuir ainda mais a procura de curto prazo”.

Nas últimas semanas, o Brasil tem sido notícia pelas dificuldades do Governo em conseguir distanciar-se do escândalo financeiro e de corrupção da Petrobras, que atinge antigos administradores e políticos de topo, alguns ligados ao partido que suporta o Executivo, e que motivou uma investigação judicial de alto nível.

O efeito nos mercados internacionais não se fez esperar, com o ‘rating’ do Brasil e da Petrobras a ser revisto em baixa, e com os investidores e exigirem juros proibitivos para emprestar quer ao país, quer à principal empresa pública e maior empresa petrolífera.

Para além disto, o Governo tem enfrentado crescente contestação popular, sendo frequentes e bastante significativas as manifestações que defendem a saída da presidente brasileira, que nunca teve uma taxa de aprovação tão baixa, segundo as sondagens publicadas nos principais jornais locais.