O Conselho de Estado dos Países Baixos determinou nesta terça-feira a suspensão da extração de gás natural em uma cidade no norte do país afetada por incessantes tremores de terra, mas admitiu a continuação no resto da jazida. “De momento, o gás só pode ser extraído em e nos arredores de Loppersum se e só se esta extração não for possível em outros locais ou se for necessária para garantir a segurança do abastecimento energético”, indicou o Conselho de Estado, em comunicado.

Partidos políticos locais e organizações de cidadãos da região exigiram aos juízes a paragem total da produção, que por norma se situa nos 50 mil milhões de metros cúbicos anuais. Loppersum, cidade com 11 mil habitantes, tornou-se o epicentro de sismos consecutivos, provocados pelos cinco poços situados nos seus arredores. Estes abalos são a consequência de bolsas vazias formadas debaixo de terra em resultado da extração de gás e provocam numerosos desgastes em quintas e edifícios históricos.

Os tremores de terra aumentaram em paralelo à expansão da extração de gás, que mais do que duplicou desde 2000, passando de 110 abalos nos anos 1990 para 500 entre 2000 e 2013. Apesar de terem habitualmente uma magnitude fraca, o facto de ocorrerem muito próximos da superfície possibilita que sejam fortemente sentidos pelos habitantes da região.

O ministro dos Assuntos Económicos, Henk Kamp, afirmou, depois da decisão do Conselho de Estado, que os poços de Loppersum iam ser fechados ao nível mais baixo possível, uma medida necessária para garantir a possibilidade de retomar a produção, se algum dia se entender necessário, seguindo a agência noticiosa holandesa ANP.

Em fevereiro, um relatório independente acusara o governo e as empresas que exploraram este gás de o ter feito durante 50 anos, colocando os lucros à frente da segurança dos habitantes. “Não há qualquer razão para parar a extração de gás na jazida de Groningue”, acrescentou porém o juiz, Thijs Drupsteen. “Está claro que o gás de Groningue é essencial para o abastecimento energético holandês e que se trata de uma parte importante das receitas do Estado”, acrescentou.

Os Países Baixos são no segundo produtor europeu de gás natural. Em 2011, as receitas públicas derivadas do gás representaram cerca de oito por cento do total. A exploração do gás rende em média 13 mil milhões de euros ao Estado holandês, dos quais 10 mil milhões proveem da jazida de Groningue. Em janeiro de 2014, perante a cólera dos habitantes, o governo decidiu reduzir a produção em 20% até 2016. A decisão de hoje é apenas preliminar, esperando-se para setembro uma decisão sobre o fundo da questão.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR