O vice-primeiro-ministro grego, Ioannis Dragasakis, reconheceu que caso não seja possível um acordo com os credores internacionais até junho “o caminho” pode tornar-se ainda mais difícil. “Se chegarmos a junho sem acordo, tudo tomará um caminho ainda mais difícil”, admitiu Dragasakis numa entrevista ao jornal To Vima, de Atenas.

Questionado sobre a possibilidade de eleições ou a realização de um referendo em caso de ausência de compromissos, o vice-ministro não negou que essas hipóteses existem. O governo de Atenas tem afirmado que apresentou propostas “construtivas” para enfrentar diferendos “políticos”.

“Não podemos ser outra coisa a não ser aquilo que somos”, afirmou o vice-primeiro-ministro sublinhando que os responsáveis gregos têm insistido com frequência nas “linhas vermelhas” que não podem ser ultrapassadas em questões relacionadas com cortes suplementares da despesa pública. A próxima reunião dos ministros das Finanças da zona euro está marcada para sexta-feira na Letónia e vai discutir a situação financeira da Grécia.

No sábado, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, considerou que a resposta à crise da Grécia “está nas mãos do governo grego” e defendeu que “é preciso mais trabalho, muito mais trabalho e urgente”. “Todos queremos que a Grécia tenha sucesso. A resposta está nas mãos do governo grego”, afirmou Draghi em Washington, indicando, no entanto, que a Zona Euro está agora “mais preparada do que em 2012, 2011 ou 2010” se a situação piorar.

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Segunda ronda de discussões em Paris

As declarações do vice-primeiro-ministro da Grécia surgem num dia em que delegações técnicas de Atenas e de Bruxelas voltam a reunir-se, durante a tarde, com o objetivo de tentar encontrar um consenso entre o país e os credores internacionais, Fundo Monetário Internacional (FMI), BCE e Comissão Europeia. Fontes citadas pela Bloomberg afirmaram que as discussões vão centrar-se, neste domingo, nas matérias laborais depois de, no sábado, se terem focado nos temas orçamentais e macroeconómicos, num encontro que durou seis horas.

Durante esta reunião foi decidido convocar uma reunião de emergência do grupo de trabalho do Eurogrupo para a próxima quarta-feira, em antecipação da reunião dos ministros das Finanças da zona euro que terá lugar a 24 de abril, em Riga, capital Letónia. Os encontros estão a decorrer em Paris nos escritórios da representação grega junto da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e prevê-se que prossigam até terça-feira, 21 de abril.

Neste domingo, também o presidente da Grécia, Prokopis Pavlopoulos, fez declarações sobre a atual situação do país, afirmando, após uma visita ao anterior chefe de Estado, Constantine Karamanlis, o caminho do país “é dentro da Europa e esta é a estrada que percorreremos e percorreremos vitoriosamente”. Pavlopoulos acrescentou que o caminho tem de ser trilhado com os restantes povos europeus numa atuação conjunta destinada a “curar” a Europa de forma a que esta regresse aos seus valores originais.