Maria Luís Albuquerque rejeita as críticas por parte de algumas instituições e analistas de que o governo estará a “tirar o pé do acelerador” no que diz respeito às reformas do Estado e da economia. Em entrevista à cadeia televisiva norte-americana CNBC, a ministra das Finanças acrescenta que os estímulos do BCE têm tido um impacto “muito positivo” mas diz que não devem levar os governos a “relaxar” mas, sim, a vê-los como “uma oportunidade para continuar a fazer reformas”.

“Nós não estamos a ver qualquer abrandamento do ritmo das reformas, apesar de sabermos que existem críticas nesse sentido”, afirma Maria Luís Albuquerque, em entrevista à CNBC. “Mas, na realidade, quando se olha para o mercado de trabalho, por exemplo, conseguimos obter um acordo com os parceiros sociais e isso é muito importante porque queremos fazer as reformas do mercado de trabalho num contexto de paz social. Temos uma abordagem gradual, para que [as reformas] possam ser feitas em acordo com os parceiros sociais, e muito já foi feito”, garante a ministra das Finanças.

“Também é necessário medir o impacto das reformas já feitas, podendo ser necessário recalibrar algumas, há muitas reformas a fazer daqui para a frente. E nós continuamos a fazer reformas e a anunciar reformas para o futuro”, afirma Maria Luís Albuquerque, questionada sobre as críticas feitas, por exemplo, pela Comissão Europeia. Rejeitamos essas críticas, não são críticas válidas.

Estímulos do BCE são “oportunidade para continuar reformas”

Com juros em mínimos no mercado, Maria Luís Albuquerque reconhece que “o impacto [das compras do BCE no mercado], tanto para a sustentabilidade da dívida como para o perfil de reembolso e, ainda, para os custos com juros, tem sido muito positivo”. Mas a ministra garante que “os estímulos do BCE dão uma oportunidade para continuar a fazer reformas, enquanto gozamos de uma maior vantagem na frente financeira, onde as condições estão a ser apoiadas” pelo programa de compra de dívida (pública e privada) pelo banco central.

“Esta é uma oportunidade para continuar a fazer reformas, não é uma razão para relaxar. Caso contrário, quando os estímulos acabarem, e irão acabar um dia, teremos beneficiado [deste contexto] muito menos do que se tivéssemos continuado a fazer reformas”, atira Maria Luís Albuquerque.

A ministra das Finanças nota, ainda, que “no que diz respeito ao Tesouro público, temos uma almofada de liquidez significativa”. “Acabámos de reembolsar [antecipadamente] uma parte do empréstimo ao FMI, o que leva a uma poupança significativa com juros da dívida, que é importante para o orçamento do Estado”, afirma Maria Luís Albuquerque. “E também nos ajuda a mostrar que estamos totalmente de volta ao mercado e que conseguimos recorrer a ele para emitir dívida com maturidades longas”, remata.

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