Na reunião informal do Eurogrupo desta semana a discussão sobre a Grécia deverá resumir-se a um breve ponto de situação sobre as negociações com o Governo helénico, disse um alto funcionário europeu, desvalorizando que possa haver alguma decisão.
Haverá “uma breve apresentação sobre o ponto de situação na Grécia”, referiu este alto funcionário europeu, acrescentando que ficaria surpreendido se saísse do encontro algo de mais concreto.
A reunião dos ministros das Finanças e da Economia da zona euro de sexta-feira em Riga, capital da Letónia, arranca pelas 09:00 (hora local), estando Portugal representado pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque.
Depois de durante várias semanas esta reunião ter sido apontada como aquela em que deveria haver um acordo preliminar que permitisse superar o impasse em que está a Grécia, perante as dificuldades em chegar a um entendimento nos últimos dias esse momento “decisivo” tem sido adiado para 11 de maio, quando se realiza um novo Eurogrupo.
Sobre a data-limite para chegar a um acordo com Atenas sobre as medidas a adotar no país, para que possa aceder a financiamento dos credores oficiais, o alto funcionário europeu recordou que o Eurogrupo de fevereiro decidiu que esse prazo é final de abril, pelo que – afirmou – mesmo depois da reunião de Riga ainda haverá mais uma semana.
No entanto, admitiu, será “extremamente difícil” cumprir esse prazo.
Ainda assim, acrescentou que a data-limite mais importante é o final de junho, quando termina a atual extensão do segundo programa de resgate.
Esta quarta-feira haverá uma teleconferência entre os técnicos do grupo de trabalho do Eurogrupo com Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) para fazer precisamente um balanço das negociações com a Grécia antes do encontro dos 19 ministros das Finanças e da Economia da zona euro.
Atenas está desde fevereiro – quando foi prolongado o atual programa de resgate, até junho – em negociações com os credores oficiais (Comissão Europeia, BCE, FMI e Mecanismo Europeu de Estabilidade, reunidos no agora chamado Grupo de Bruxelas) sobre as reformas estruturais e as medidas de consolidação orçamental a adotar no país, com vista a aceder à última tranche do programa de resgate, de 7,2 mil milhões de euros.
No entanto, apesar de o Governo helénico já ter apresentado várias listas com propostas, as instituições continuam a exigir medidas mais ‘aceitáveis’, sobretudo em termos de finanças públicas, pensões, legislação laboral e privatizações.
Um incumprimento da Grécia e mesmo a saída da zona euro continuam a ser falados e, por várias vezes, as instituições europeias já garantiram que não estão a ser feitos quaisquer preparativos para um ‘Grexit’ (contração das palavras em inglês ‘Grécia’ e ‘saída’).
A Grécia pode entrar em incumprimento se não fizer pagamentos como salários ou pensões ou se, noutro caso, não fizer os reembolsos de dívida, como ao FMI. Só em maio, terá de pagar à instituição liderada por Christine Lagarde cerca de 200 milhões de euros no início do mês e mais de 700 milhões de euros a 12 de maio.
O Governo grego publicou na segunda-feira um decreto-lei que obriga a transferência de reservas de fundos de organismos públicos e entidades locais para o banco central por forma a ultrapassar as dificuldades financeiras do país, o que pôs os autarcas contra o Governo.
Atenas prevê conseguir 2.000 milhões de euros com a medida.
Esta quinta-feira, à margem da cimeira extraordinária sobre imigração, haverá uma reunião bilateral entre o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e a chanceler alemã, Angela Merkel.