Foi uma Conferência de Imprensa tardia, por indicação de José Sócrates. Os advogados do ex-primeiro-ministro, que se encontra detido desde novembro no âmbito da “Operação Marquês, convocaram os jornalistas para, depois das 22h00 desta sexta-feira, reagirem à detenção de Joaquim Barroca, vice-presidente do Grupo Lena, que esta semana se juntou ao rol de arguidos deste caso. Mas, em poucas palavras e minutos, limitaram-se a repetir que não existem quaisquer ligações entre o seu cliente – José Sócrates – e o grupo Lena, e que este novo caso, e o que dele se conhece, apenas visa “prejudicar o partido a que o engenheiro Sócrates pertence e presidiu” e “criar um clima favorável de geral difamação de pessoas que tiveram responsabilidades políticas”.

“Esta iniciativa do Ministério Público não é mais do que, uma vez mais, à falta de factos arranjar um facto justificador de uma prisão com outra prisão. Com sacrifício da liberdade das pessoas”, resumiu Pedro Delille, um dos advogados do ex-primeiro-ministro. A reação foi previamente acertada com José Sócrates, numa visita ao estabelecimento prisional de Évora, durante a manhã desta sexta-feira.

E como viu José Sócrates a detenção de Joaquim Barroca, o sexto arguido do processo “Operação Marquês”? “Recebeu com redobrada indignação o recrudescer da campanha contra ele”, garantiu João Araújo, o também defensor de Sócrates, explicando a indicação para a reação aos jornalistas: “Foi por isso que nos pediu que vos falasse disso”.

João Araújo, afirmou e repetiu, nos poucos minutos da conversa com os jornalistas, que o ex-primeiro-ministro não tem qualquer ligação com o Grupo Lena.”Ficámos mais uma vez a saber que não há nenhuma ligação entre essas contas e o senhor engenheiro José Sócrates”, afirmou Araújo, sublinhando que “não há factos novos” e que as razões agora apontadas são “conhecidas há pelo menos dois anos”, como “as contas da Suíça” e, por exemplo, “os titulares das contas”.

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Pedro Delille acrescentou, no mesmo tom, que “os factos que se invocam são factos que se invocam desde que o senhor engenheiro José Sócrates é primeiro-ministro” e que são “infundados” e não passam de “insultos e difamações”, em relação a “uma pessoa ou mais pessoas”, nomeadamente “governantes do anterior governo”.

Os dois advogados voltaram a criticar o Ministério Público por fugas ao segredo de justiça, fazendo, sem o nomearem diretamente, referência à manchete de quinta-feira do jornal Correio da Manhã. Essa notícia falava numa nova frente de investigação no caso, relacionada com adjudicações feitas ao Grupo Lena no âmbito da Parque Escolar e das PPP rodoviárias, que envolveria mesmo buscas aos ex-governantes Paulo Campos e Mário Lino. “Houve um jornal que ontem, a uma hora a que mais ninguém sabia da prisão [de Joaquim Barroca], fez uma notícia em que não se referia cuidadosamente à prisão, mas se referia a factos que iriam conduzir a ela e era óbvio que eles tinham tido conhecimento do que se está passar pela investigação”, disse Pedro Delille.