A Polícia de Segurança Pública (PSP) já identificou o homem suspeito de ter deixado um saco no tabuleiro da Ponte 25 de Abril esta segunda-feira à tarde, que obrigou ao encerramento da ligação, rodoviária e ferroviária, entre Lisboa e Almada por mais de uma hora e meia. A confirmação foi dada ao Observador pelo relações públicas daquela força de segurança, Paulo Flor, que no entanto não quis adiantar mais pormenores da investigação.

O saco suspeito, que levou ao encerramento do trânsito automóvel e ferroviário na ponte entre as 19h30 e as 21h de segunda-feira, foi deixado por um condutor junto a um dos pilares da travessia. É proibido estacionar ou andar a pé na ponte, mas fazer qualquer uma dessas coisas não é particularmente difícil: basta uma viatura ligar os quatro “piscas” e parar, tal como acontece a um carro que avarie.

Segundo a PSP, todos os procedimentos necessários ao tratamento deste tipo de casos – suspeita de bomba – foram seguidos. Paulo Flor lembra que na ponte não era possível fazer uma zona de segurança, pelo que a evacuação total do tabuleiro e o seu encerramento ao trânsito eram inevitáveis. Mas a suspeita não obrigou, no entanto, a suspender as travessias por barco no Tejo.

Quanto ao embrulho suspeito, foram usados cães e raios X pela equipa da PSP e despistada a hipótese de bomba.

O suspeito terá sido identificado por uma testemunha, ainda que também exista vigilância vídeo no local.

 

Quando o Grupo Independentista de Angola quis rebentar a ponte

Esta é a terceira vez na história que a Ponte 25 de Abril, um dos elos que une as duas margens do rio Tejo, é encerrada devido a ameaças de bomba. Na altura, tal como nesta segunda-feira, as ameaças não passaram de falsos alarmes. Mas deixaram o país em suspenso.

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Antes deste caso, as duas primeiras ameaças de bomba aconteceram em 2000. Em maio desse ano, um telefonema levou à interrupção da circulação ferroviária na ponte, entre as 5h30 e as 6h30. A então brigada de minas e armadilhas da PSP foi chamada ao local, mas concluiu que a ameaça era falsa – o trânsito no tabuleiro não chegou sequer a ser interrompido.

Mas, a 7 de julho, poucas semanas depois da primeira a ameaça, um novo telefonema fez soar os alarmes das autoridades portuguesas. E, desta vez, a ameaça tinha um nome: “Grupo Independentista de Angola”, uma organização, então como hoje, completamente desconhecida. Ainda assim, o grau de descrição dos telefonemas – feitos para a Agência Lusa e para o serviço de emergência do 112 – eram mais alarmantes. O autor garantia que nessa noite iam explodir sete detonadores localizados nos pilares da ponte.

A circulação na ponte foi totalmente interrompida entre as 23h e as 3h de sexta-feira. Os tabuleiros rodoviários e ferroviários foram analisados de forma exaustiva, com ajuda de cães treinados para farejar explosivos. Para o local foram mobilizadas três ambulâncias, quatro viaturas de desencarceramento dos bombeiros e meios de rappel (escalamento).

Ao mesmo tempo, o então ministro da Administração Interna, Fernando Gomes, mostrava o quão a sério estavam a ser levadas as ameaças: “As polícias estão a investigar. Todas as forças de segurança dependentes do MAI [Ministério da Administração Interna] encontram-se empenhadas na investigação”. No final, nada foi encontrado e o telefonema foi apelidado de “brincadeira de mau gosto”.