O vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, admite que há espaço de manobra em Portugal para se começar a pensar em inverter medidas de austeridade, tendo em conta a descida do défice orçamental. .

Num encontro com jornalistas portugueses, em Bruxelas, o comissário, citado pela Lusa, indicou que terá oportunidade de “discutir com mais detalhe” com as autoridades portuguesas políticas orçamentais e macroeconómicas quando se deslocar a Portugal, em junho. No entanto, considerou que a evolução económica do país, resultante de um “esforço de reformas que é apreciado” em Bruxelas, permite começar a pensar em medidas como a reposição de salários, após os cortes introduzidos a título temporário.

O comissário responsável pelo euro lembrou que persiste “uma divergência” entre as previsões económicas do Governo e do executivo comunitário ao nível do défice, sobretudo para o próximo ano (a “Comissão Juncker” projeta um défice de 3,1% do PIB em 2015 e de 2,8% em 2016, enquanto o executivo de Pedro Passos Coelho aponta para 2,7 e 1,8%, respetivamente), mas considerou que, em termos gerais, a avaliação de Bruxelas é de que “o esforço de reformas em Portugal está a produzir resultados”.

“Mesmo com esta divergência (de projeções), vemos que o défice está a descer, pelo que há um certo espaço de manobra para alterar as medidas temporárias introduzidas durante a crise. Irei a Portugal em junho para discutir com mais detalhe com as autoridades portuguesas os planos orçamentais e macroeconómicos, e não posso por isso entrar em detalhes. Mas diria que, em geral, há espaço para começar a trabalhar nisso (reposição de salários), quanto a isso não há grande divergência”, afirmou.

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Lembrou no entanto o princípio geral defendido pela Comissão, para Portugal e para todos os Estados-membros, de que “os salários devem crescer em linha com o crescimento da produtividade”.

A poucos dias de se completar um ano do final do programa de assistência a Portugal (17 de maio), o vice-presidente da Comissão faz um balanço positivo do ajustamento levado a cabo, apontando que o país “está a recuperar da crise financeira e económica que enfrentou, regressou ao crescimento económico. Vê-se também um declínio gradual na taxa de desemprego, embora permaneça ainda muito alto, assim como uma redução no défice orçamental”.

“Portanto, em termos gerais, podemos dizer que os esforços de reformas que Portugal tem levado a cabo está claramente a produzir resultados e é apreciado”, disse, alertando contudo para a necessidade de reduzir a dívida pública e privada.