A operadora brasileira Oi está a reconsiderar a venda dos seus ativos na Unitel, a maior empresa de telecomunicações de Angola cuja principal acionista é Isabel dos Santos, filha do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.

O diretor presidente da Oi, Bayard Gontijo, afirmou na segunda-feira, em Nova Yorque, que atualmente a operadora brasileira está a trabalhar em dois cenários: a venda dos seus ativos na Unitel ou um acordo que possa ser respeitado pelos outros acionistas da empresa angolana, informou a assessoria de imprensa da operadora brasileira.

A Oi adquiriu a sua participação na Unitel em maio de 2014, durante o processo de fusão com a Portugal Telecom. A venda da sua posição na participada angolana foi apontada, no ano passado, como forma da operadora brasileira recuperar parte das suas perdas financeiras. Esta alienação estava mesmo prevista nos termos da fusão com a empresa portuguesa, ao contrário da alienação da PT Portugal que foi concretizada no início deste ano, após a luz verde dos acionistas da PT SGPS. Na altura, esta operação foi justificada com a necessidade da Oi participar no processo de consolidação do setor das telecomunicações no Brasil. Mas até agora não se registaram progressos.

A declaração de Gontijo, que está a participar em ‘roadshows’ [de apresentação da empresa] com investidores nos Estados Unidos, é vista como uma demonstração de que existe um diálogo entre a Oi e a Unitel. Uma das razões para a venda desta participação de 25% era o conflito que opunha os acionistas angolanos, liderados por Isabel dos Santos, à PT e que levou ao congelamento do pagamento dos dividendos à empresa portuguesa. A empresária angolana é acionista da NOS, a segunda a maior operadora portuguesa.

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Face ao processo de fusão com a PT, a Oi tinha confirmado, no final de agosto do ano passado, que estava em conversações para vender a participação na Unitel a outros acionistas, por 2.000 milhões de dólares (mais de 1.500 milhões de euros).

No primeiro trimestre deste ano, a Oi registou prejuízos de 447 milhões de reais (cerca de 130 milhões de euros, à taxa de câmbio atual), valor que compara com lucros de 228 milhões de reais (66 milhões de euros) em igual período de 2014.

A empresa assinalou que os resultados do primeiro trimestre são “significativamente melhores” em várias áreas e com “melhores tendências em praticamente todas as linhas” de negócio, realçando a tendência positiva nas receitas brasileiras e no segmento residencial.

Os resultados do primeiro trimestre do ano da operadora incluem a descontinuação das operações da PT Portugal desde que o ativo foi colocado à venda. A PT Portugal, que tem os serviços Meo e Sapo, entre outros, foi vendida à multinacional francesa Altice por 7.400 milhões de euros.

A 20 de abril último, a Comissão Europeia autorizou a proposta de compra da Altice, na condição desta desinvestir nos seus atuais negócios em Portugal, ou seja, na Oni e na Cabovisão.