A Polícia de Investigação Criminal (PIC) são-tomense desmantelou uma rede de tráfico de seres humanos, com apoio da Interpol e da congénere gabonesa, disse hoje à agência Lusa fonte responsável da corporação.

Segundo o inspetor Avelino Quaresma, em resultado da ação policial concertada, quatro pessoas estão detidas em Libreville e em São Tomé uma foi constituída arguida depois de ter sido ouvida pelo Ministério Publico (MP).

A fonte acrescentou à Lusa que três das quatro pessoas detidas em Libreville são mulheres.

Dessas quatro pessoas, uma é são-tomense, outra é cidadã cabo-verdiana e as restantes têm nacionalidade gabonesa.

Segundo o inspetor, a rede opera a partir de Libreville mas com contactos em São Tomé e Príncipe, onde eram feitos contratos com promessa de trabalho no Gabão, onde reside uma importante comunidade são-tomense de cerca de 10 mil pessoas.

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Esta semana uma jovem são-tomense de 26 anos foi deportada de Libreville, onde foi vendida a um cidadão gabonês, identificado como sendo Ndjalakya Jean Aime.

“Ela aceitou uma oferta de emprego com a promessa de um bom salário, mas quando chegou a Libreville descobriu que tinha sido vendida”, disse o inspetor Avelino Quaresma.

A polícia acredita que o tráfico da jovem são-tomense, residente na cidade de Neves, cerca de 45 quilómetros a norte da capital, pode estar relacionada com o desaparecimento de várias pessoas em São Tomé, algumas das quais de menor idade.

“Temos relatos de várias pessoas que desapareceram nos últimos anos, mas muitas delas nunca foram encontradas”, acrescentou.

Numa carta enviada esta semana pela Interpol à Direção da PIC, a polícia internacional solicita informações sobre o paradeiro da jovem são-tomense, nomeadamente se já se encontra junto da família, e aborda a questão do cidadão são-tomense que se encontra sob custódia da polícia gabonesa.

“Démarches estão em curso para extraditarmos esse cidadão a fim de responder à justiça em São Tomé” disse uma poutra fonte da PIC, que solicitou o anonimato.

Nos últimos anos verificaram-se casos de desaparecimentos de menores são-tomenses, tendo alguns deles sido libertados.

Há cerca de dois anos, dois gémeos, com mais de 10 meses de idade, filhos de um casal residente na comunidade de Monte Café, a 17 quilómetros da capital são-tomense, foram raptados e levados para Libreville onde, meses depois, viriam a ser libertados pela polícia gabinesa e entregues de novo à família.

Pouco mais de um ano antes, três adolescentes, alunos do ensino secundário, desapareceram depois de saírem das aulas e nunca mais foram vistos. Paralelamente a estes dois casos, os mais mediáticos, familiares anunciaram o desaparecimento de várias outras pessoas que continuam desaparecidas.