Pelo menos 70 pessoas foram mortas no Burundi e cerca de 500 ficaram feridas na repressão das manifestações iniciadas em abril contra a recandidatura do Presidente Pierre Nkurunziza, anunciou uma organização de defesa dos direitos humanos.

Segundo a Associação para a Proteção dos Direitos Humanos e Pessoas Detidas (APRODH), cerca de mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos contra a candidatura do Presidente Pierre Nkurunziza a um terceiro mandato, que os seus adversários políticos consideram inconstitucional.

Os protestos concentram-se em Bujumbura, capital do Burundi, e em algumas localidades da província e foram duramente reprimidos pela polícia, por vezes com tiros de balas reais. Vários policiais foram feridos, alguns com gravidade, por pedras atiradas pelos manifestantes.

Pierre-Claver Mbonimpa, presidente da APRODH, referiu na quinta-feira passada à agência AFP que, desde o dia 26 de abril, foram encontradas 70 pessoas mortas, a maioria por balas, mas também por granadas, a esmagadora maioria civis, mas também polícias e soldados”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Havia também cerca de 500 feridos por balas, granadas e pedras, sendo que cinquenta estão hospitalizados”, sublinhou Pierre-Claver Mbonimpa , garantindo que a avaliação foi feita com base numa lista de vítimas compilada pela APRODH.

Uma fonte da ONU contabilizou cerca de 50 mortos durante os protestos, um balanço que não tem em conta as vítimas de outras manifestações com violência.

Além disso, segundo o Mponimba, “mais de 500 manifestantes” continuam “presos nas várias cadeias do país, embora seja preciso contar com entre 300 e 500 detidos nos calabouços das polícias.

“Todos os dias pessoas são presas em todo o país e acusadas de participar num movimento insurrecional”, disse o defensor dos direitos humanos, indicando que muitas delas foram submetidas a tortura.

“Há um ressurgimento da tortura, estas práticas tinham desaparecido quase por completo no Burundi e é inegável que há um claro declínio no respeito dos direitos humanos neste país,” lamentou o responsável.