Uma dezena de pessoas participaram este domingo numa marcha-corrida contra a exploração de petróleo no Algarve, na praia de Faro, onde foi distribuída informação para alertar os cidadãos sobre os riscos dessa atividade na costa algarvia.

Na iniciativa da Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP) estiveram presentes alguns representantes de associações ambientalistas, como Manuel Vieira, da Almargem, que considera que “muitas pessoas não estão cientes de que isto vai acontecer” e que, por isso, é preciso informar as pessoas, “para que não seja algo decidido por três ou quatro pessoas”.

À entrada da Praia de Faro, antes de partirem para a marcha-corrida, elementos da plataforma ostentavam cartazes onde se podia ler “O Algarve diz não à exploração de petróleo na nossa costa”, “Exploração de petróleo é a morte do Algarve”, “Não nos sujem as mãos com petróleo” e “Petróleo no Algarve: quem ganha com o negócio?”.

De acordo com o ambientalista, a informação que tem chegado à recém-criada plataforma é “muito pouca” e a única de que dispõem neste momento é a de que os contratos celebrados entre o Estado e as empresas que vão fazer a exploração de hidrocarbonetos serão divulgados no próximo mês e de que outubro será o mês de arranque da prospeção.

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Outro membro da PALP, João Martins, disse aos jornalistas temer que a atividade ponha em causa todo o ecossistema da Ria Formosa, além do impacto que poderá ter sobre a atividade da pesca e o turismo, atividades que não considera compatíveis.

“Não sabemos que técnicas vão ser utilizadas, se vier a ser usado o “fracking” [técnica para possibilitar a extração de gás e petróleo do subsolo], numa região de elevada perigosidade sísmica, podemos estar a por em risco a população do Algarve”, frisou.

João Martins disse ainda estar convencido de que a intenção das empresas não é apenas fazer prospeção, uma vez que é uma atividade que exige um grande investimento e as empresas “já devem ter um grau de certeza de que as coisas podem resultar”.

Aquele responsável lamenta que “os custos sejam públicos e os lucros privados”, mostrando-se preocupado com a extensão das áreas de concessão e licenças, que podem ser consultadas num mapa publicado no sítio de Internet da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG).

“Fiquei muito preocupado, qualquer dia é mais a área concessionada do que aquela que não é concessionado, estamos perante a entrega de um bem público a entidades privadas, sendo que o bem público deste negócio me parece muito pouco ou nenhum”, concluiu.

A plataforma quer agora voltar a enviar cartas às autarquias algarvias, pois só um município lhes respondeu, e está a ponderar ir às assembleias municipais para expor o problema. De acordo com o mapa das concessões e licenças publicado pela DGEG, na bacia do Algarve foram adjudicadas quatro concessões, atualmente todas detidas pelo consórcio Repsol/Partex.

As concessões estão distribuídas pelas áreas denominadas “Sapateira” e “Caranguejo”, no Barlavento (Oeste algarvio), e nas áreas “Lagosta” e “Lagostim”, no Sotavento (Leste). A Panoceanic Energy requereu a atribuição de uma Licença de Avaliação Prévia noutra parcela da bacia do Algarve, mais a Sul, que foi autorizada em novembro de 2014. De acordo com o mapa, as concessões estendem-se ao longo de toda a costa algarvia.