O Windows 10 — lançado pela Microsoft a 29 de julho — tem sido alvo de críticas no que toca a recolha de dados. De acordo com o The Guardian, têm surgido relatos em fóruns de discussão como o Reddit e o Hacker News, referindo que o último sistema operativo da empresa de Redmond compromete a privacidade dos utilizadores. Na base das críticas estão as novas definições padrão do Windows 10, que permitem que o computador envie “informações pessoais” e dados referentes à utilização do aparelho para a Microsoft, e os anúncios personalizados incorporados em várias aplicações do sistema operativo.

Para usarem o Windows 10, os utilizadores devem associá-lo a uma conta de e-mail da Microsoft (Hotmail, Outlook, etc.) — embora haja a opção de manter apenas uma conta local. É a partir desta associação que a empresa recolhe dados que permitem traçar o perfil do utilizador, usado posteriormente para personalizar a experiência no sistema operativo — por exemplo, mostrar anúncios personalizados.

Segundo o jornal britânico, a empresa usa ainda os dados recolhidos para melhorar a assistente pessoal “Cortana” — a alternativa da Microsoft a outras soluções já existentes, como a “Siri” da Apple, ou o “Google Now”. Esses dados poderão ser, por exemplo, a localização do utilizador, informação do calendário, dados de e-mails, ou até mensagens de texto e chamadas telefónicas (no caso do Windows 10 para dispositivos móveis).

Mas as criticas não vêm apenas de utilizadores. A Organização Europeia dos Direitos Digitais tentou resumir as 45 páginas dos “Termos e Condições” da Microsoft, relativamente ao uso do novo sistema operativo. Num artigo intitulado “como os seus dados pessoais são (ab)usados”, a instituição escreve que, “basicamente, a Microsoft reserva para si os direitos que lhe permitem recolher [dados sobre] tudo o que você faz, diz e escreve com e nos seus dispositivos, como forma de vender anúncios mais segmentados ou vender os seus dados a terceiros”.

Esta quinta-feira, a empresa de Redmond avançou com números das primeiras 24 horas após o lançamento do seu último sistema operativo: mais de 14 milhões de utilizadores terão descarregado a versão final do novo Windows. A empresa adianta ainda que tem recebido “criticas e comentários esmagadoramente positivos da parte de clientes em todo o mundo”, referindo ainda que têm “feito tudo para atualizar o mundo para o Windows 10 o mais rapidamente possível, ao longo dos próximos dias e semanas”.

No evento de lançamento, responsáveis da empresa anunciaram que o objetivo é ter 1.000 milhões de dispositivos a correr o Windows 10 nos próximos três anos. Desde 29 de julho, a Microsoft tem vindo a “convidar” progressivamente os utilizadores de Windows 7 (a partir do Service Pack 1), Windows 8 e Windows 8.1 a atualizarem gratuitamente os seus dispositivos para a nova versão. A oferta manter-se-á durante um ano, para portadores de licenças genuínas das versões do Windows acima referidas. Porém, a atualização para o Windows 10 é meramente opcional.

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