Os ministros do Interior da França e Grã-Bretanha afirmaram este sábado, numa declaração conjunta, a “prioridade” de acabar com a crise que tem levado milhares de migrantes a tentarem chegar a Inglaterra através de Calais, nas últimas semanas.

Ambos os países estão comprometidos em atacar o problema em conjunto e reforçaram a segurança para deter novas tentativas de imigrantes desesperados para entrarem na Grã-Bretanha através do canal da Mancha, uma operação arriscada que tem resultado em “ferimentos graves, e tragicamente, mortes”, refere a declaração.

“Combater esta situação é a grande prioridade para os governos. Estamos comprometidos e determinados a resolver isto, e a resolver isto juntos”, disseram o francês Bernard Cazeneuve e a sua homóloga britânica Theresa May, numa declaração publicada nos jornais Du Dimache (França) e Telegraph (Grã-Bretanha).

Centenas de migrantes têm tentado atravessar o túnel sob o canal da Mancha, perto de Calais (norte de França) na esperança de, através de comboio ou camião, alcançarem território britânico.

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Pelo menos 10 migrantes morreram no túnel ou arredores ao tentarem a perigosa viagem desde junho.

Cazeneuve encontrou-se com May na terça-feira para discutirem a questão dos migrantes, que tem sido uma pedra no sapato das relações franco-britânicas há anos, e assumiu nova urgência na sequência do aumento de migrantes que atravessam o Mediterrâneo.

No início da semana o governo britânico anunciou uma extensão de 10 milhões de euros para reforçar a segurança do terminal de embarque do Eurotúnel, em Coquelles, no norte de França.

E o primeiro-ministro britânico, David Cameron, advertiu que esta crise poderia durar todo o verão, tendo prometido “mais barreiras, mais recursos, mais equipas de cães pisteiros” para ajudar a polícia francesa.

As novas medidas enviam “uma mensagem clara”, segundo May e Cazeneuve. “A nossa fronteira é segura, e não é fácil chegar ao Reino Unido”.

Ambos disseram que o mundo está a enfrentar “uma crise global de migração”, que requere uma resposta europeia e internacional e advertiram que a responsabilidade de combater o problema não deveria ser apenas da França e Grã-Bretanha.

“Muitos dos que tentam, em Calais, atravessar o canal fizeram o seu caminho até lá através de Itália, Grécia ou de outros países”, escreveram os dois políticos.

Nos últimos dias, a polícia francesa conseguiu travar várias tentativas de travessia de milhares de migrantes desesperados que tentam escalar as cercas em redor do terminal do túnel em Coquelles, perto de Calais.As autoridades francesas enviaram esta semana um reforço de 120 polícias para aquela zona. Paris calcula que mais de 3.500 pessoas tentaram atravessar a ligação esta semana.