25 anos feitos e uma coroa na cabeça. A responsabilidade de liderar uma nação chegou cedo para a filha mais velha de Jorge VI. Em 1953, Elizabeth Alexandra Mary tornou-se na rainha Isabel II e prometia, então, dedicar a sua vida a esse papel — “Eu declaro à vossa frente que toda a minha vida, seja ela curta ou longa, será dedicada ao vosso serviço e ao serviço da nossa grandiosa família imperial”.

Esta quarta-feira, quando o relógio marcar as 17h30, Isabel torna-se na monarca britânica com o reinado mais longo, superando o recorde da sua trisavó, Victoria, de 63 anos e 217 dias. Nada mais apropriado para a mulher que cresceu para se tornar num dos símbolos máximos do Reino Unido e um dos elementos mais aplaudidos da monarquia.

A intenção da família real era passar discretamente ao lado do dia e da data e ele associada, coisa que não deverá acontecer. As estações de televisão receberam permissão para filmar a partir do relvado do Palácio de Buckingham, o que está longe de ser uma estreia absoluta no domínio das emissões televisivas —  a coroação de Isabel II foi a primeira a ser transmitida pela pequena caixa que, então, pintava o mundo de preto e branco. Além disso, recorda ainda o Guardian, ela e a família foram também os primeiros membros da realeza a ter um documentário próprio, o qual foi divulgado em 1966 e cativou a nação.

A Inglaterra de Elizabeth Alexandra sofreu muitas mudanças ao longo dos seus mais de 60 anos de reinado. Mas não foi só a sociedade que a forçou a acompanhar os novos tempos. A própria família quebrou barreiras e testou limites quando três dos seus quatros filhos — Carlos, André e a princesa Ana — terminaram os respetivos casamentos em 1992. Os divórcios reais levaram a monarca a apelidar aquele período de “annus horribilis”.

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Mais: ao longo do reinado assistiu-se ao declínio de um império — o Guardian assegura que, entre 1945 e 1965, o número de pessoas nas colónias governadas pela monarquia britânica passou de 700 milhões para cinco milhões –, mas também a um vaivém de popularidade. A um período marcado por algum retorno de favoritismo junto do seio da família real britânica sucedeu-se a trágica morte da princesa Diana, corria o ano de 1997.

Perante isto, a rainha tinha intenções de permanecer no Castelo de Balmoral e, aí, manter a rotina com os príncipes William e Harry. A nação não gostou da alegada frieza da monarca — o jornal Express chegou a escrever “Mostre-nos que se preocupa, senhora ” (Ma’am, em inglês). A princesa do povo acabou por ter direito a um funeral do estado e Isabel falou publicamente sobre Diana, admitindo que havia lições a retirar do acidente que vitimou a princesa.

A vida da mulher que não se esperava que governasse — pelo facto de ser a filha mais velha do segundo filho do rei, o príncipe Alberto (que, mais tarde, seria o rei Jorge VI) — foi cheia, com altos e baixos e muita metas cumpridas. Aos 89 anos, Isabel é a 40ª monarca da nação e apenas a sexta rainha desde que Guilherme I conquistou — ou não fosse o seu cognome “o Conquistador” – a coroa há mais de mil anos. Enquanto Isabel reinava, 12 primeiros-ministros britânicos estiveram no poder, 12 presidentes norte-americanos viveram na Casa Branca e sete papas falaram do alto de uma janela do Vaticano. No dia em que a rainha Isabel II traça uma meta sem igual, recordamos 10 factos curiosos sobre a sua pessoa:

1. Só há cinco monarcas que, tal como Isabel II, serviram o Reino Unido por mais de 50 anos

É o Telegraph que faz as contas e aponta o dedo aos seguintes nomes: rainha Victoria, a trisavó de Isabel II (63 anos), Jorge III (59 anos), Henrique III (56 anos), Eduardo III (50 anos) e Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra (58 anos). Posto isto, dificilmente a rainha vigente da coroa inglesa será a monarca há mais tempo em serviço. Esse título pertence ao rei Sobhuza II, que governou a Suazilândia durante 82 anos, de 1899 a 1982.

15th May 1860: Queen Victoria and her beloved Prince Albert, the Prince Consort, at Buckingham Palace. (Photo by Keystone/Getty Images)

A rainha Victoria e o príncipe Alberto, em maio de 1860 / Keystone/Getty Images

2. Serviu no exército no ano em que a segunda guerra mundial chegava ao fim

A rainha ingressou no exército em 1945, onde foi condutora e mecânica, cargo para o qual tirou um curso de manutenção de veículos. Segundo se pensa, escreve o Independent, é a única monarca britânica da história a ter recebido o treino apropriado para mudar uma vela de ignição.

3. Tem uma paixão imensa por cães, mas não é qualquer raça que a cativa

Até hoje, a rainha acolheu mais de 30 cães corgi, raça já associada à realeza daquele país. Foi o seu pai, Jorge VI, que introduziu a raça na família real quando, em 1933, trouxe para casa um corgi de nome Dookie, cujo sucesso entre a pequenada foi imediato. A influência foi clara. Quando Isabel completou 18 anos recebeu o seu próprio animal de estimação, uma cadela da mesma raça chamada Susan — muitos dos cães que a rainha teve ao longo da sua vida foram descendentes diretos de Susan. No passado, chegou a ter oito cães ao mesmo tempo mas, atualmente, só tem dois que a acompanham para todo o lado.

WINNIPEG, CANADA: Queen Elizabeth II talks with members of the Manitoba Corgi Association during a visit to Winnipeg 08 October 2002. The queen, making her 20th trip to Canada, is the last stop on the year-long jubilee tour celebrating her 50-year reign. AFP PHOTO/POOL/Adrian WYLD (Photo credit should read ADRIAN WYLD/AFP/Getty Images)

AFP/GettADRIAN WYLD/AFP/Getty Images

4. É dona de baleias…

… E de todos os golfinhos e esturjões que estejam localizados num limite máximo de três milhas ao largo da costa britânica. Tal deriva de um diploma aprovado por Eduardo I durante o século XIV, lembra o Independent.

5. A rainha e sua família têm presença nas redes sociais

O primeiro email de Isabel II data de 1976 e foi enviado de uma base militar. De lá para cá, a monarquia britânica disponibilizou a sua própria conta de Facebook e de Twitter para quem a quiser seguir.

facebbok casa real britânica

Perfil de Facebook da monarquia britânica

6. Houve 12 primeiro-ministros e sete papas durante o seu reinado

A Associated Press escreve que, durante a sua vigência, Isabel deu audiências regulares às terças-feiras à noite a 12 primeiro-ministros britânicos. De Winston Churchill a Margaret Thatcher, sem esquecer, claro, David Cameron. A agência de notícias acrescenta que Tony Blair foi o primeiro PM a nascer durante o reinado da monarca e que coube a Thatcher o papel de servir o Reino Unido por um período de tempo mais logo, isto é, 11 anos. Podem ainda contar-se sete papas durante a sua vigência.

7. Já compareceu no set de diversos programas de televisão

Além de ser, segundo consta, fã da série Downton Abbey, a rainha já marcou presença no set de vários programas de televisão. O mais recente terá sido a A Guerra dos Tronos: Isabel visitou, em junho, o interior dos estúdios onde é filmada a série, em Belfast, na Irlanda. O trono de ferro, feito a partir de espadas, foi mostrado à monarca, que terá mostrado curiosidade no assento ficcional.

8. Isabel II surge em centenas de retratos…

A questão que se coloca é: por onde estarão espalhados os mais de 130 retratos oficiais da rainha? O primeiro para o qual Isabel II posou foi em 1933, lembra o Telegraph, quando tinha apenas sete anos.

WELLINGTON, NEW ZEALAND - APRIL 10: Catherine, Duchess of Cambridge inspects a portrait of Queen Elizabeth II, painted by New Zealand artist Nick Cuthell and unveiled during a state reception at Government House on April 10, 2014 in Wellington, New Zealand. The Duke and Duchess of Cambridge are on a three-week tour of Australia and New Zealand, the first official trip overseas with their son, Prince George of Cambridge. (Photo by Hagen Hopkins/Getty Images)

Hagen Hopkins/Getty Images

9. … e fez centenas de viagens

Isabel já viajou mais do que qualquer outro monarca na história, assegura a Associated Press. No seu passaporte contam-se viagens a mais de 110 países. Mas há destinos preferidos: a rainha deslocou-se 24 vezes ao Canadá, 16 à Austrália e 10 à Nova Zelândia. Isabel foi ainda a primeira monarca do seu país a visitar a China, em 1994, e o Brunei e a Malásia quatro anos depois. Aos 89 anos ainda se aventura a bordo de um avião, com a próxima viagem marcada para novembro (o destino é Malta).

10. É apaixonada pelo (mítico) monstro do Loch Ness

A rainha manifestou, em tempos, ter muito interesse no monstro do lago Ness (Loch Ness, em inglês). Tanto que chegou a ser considerado que a hipotética criatura fosse batizada em honra da monarca. O Independent dá conta de cartas trocadas, em 1962, entre o Palácio de Buckingham e o especialista Sir Peter Scotter — filho do Capitão Scott, o famoso explorador da Antártica — que mostram que a rainha queria estar a par de todos os desenvolvimentos caso uma nova espécie fosse descoberta. O entusiasmo, porém, terá mingado depois de Scotter ter ponderado batizar o monstro de “Liz”, “Lizzy”, “Little Queenie” ou ainda “Elizabethia nessiae”.

A view of the Loch Ness Monster, near Inverness, Scotland, April 19, 1934. The photograph, one of two pictures known as the 'surgeon's photographs,' was allegedly taken by Colonel Robert Kenneth Wilson, though it was later exposed as a hoax by one of the participants, Chris Spurling, who, on his deathbed, revealed that the pictures were staged by himself, Marmaduke and Ian Wetherell, and Wilson. References to a monster in Loch Ness date back to St. Columba's biography in 565 AD. More than 1,000 people claim to have seen 'Nessie' and the area is, consequently, a popular tourist attraction. (Photo by Keystone/Getty Images)

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