Alexis Tsipras acusou a oposição de nunca ter feito frente à troika quando estava no governo (até janeiro), ao contrário do partido Syriza que, com todos os “erros e excessos” que cometeu pelo caminho, sempre rejeitou uma atitude de subserviência em relação aos credores. A 10 dias das eleições, os líderes dos vários partidos discutiram política económica mas, também, a crise dos refugiados, a que a Grécia está geograficamente mais exposta. Este é um problema que, para Alexis Tsipras, deve ser discutido “sem populismo“.

No debate de 9 de setembro, sensivelmente à mesma hora em que em Portugal Passos Coelho e António Costa também se defrontavam na televisão, o líder do Syriza rejeitou as acusações de que a crise dos refugiados se tenha agravado durante o seu governo. Vários elementos da oposição sugeriram que as condições económicas difíceis em que o país caiu nos últimos meses deixaram a Grécia particularmente vulnerável à entrada descontrolada de refugiados provenientes do Médio Oriente. Tsipras ripostou que este é um “fenómeno global” e pediu que não se entre em “populismos”.

Além de Alexis Tsipras, no debate participaram Evangelos Meimarakis, do Nova Democracia, Fofi Gennimata, dos socialistas do PASOK, Stavros Theodorakis, do To PotamiDimitris Koutsoumbas, do Partido Comunista, Panos Kammenos, dos Gregos Independentes, e Panayiotis Lafazanis, da Unidade Popular, um responsável que era até há dois meses ministro da Energia e do Ambiente de Tsipras mas que liderou a revolta interna no Syriza após o acordo para o terceiro resgate e formou este novo partido.

Os comentadores citados pelo jornal grego Kathimerini dizem que este debate ajudou muito pouco a que se perceba que tipo de alianças pós-eleitorais podem existir, numa altura em que as sondagens apontam para um eleitorado muito disperso e tanto o Syriza como o Nova Democracia longe da maioria absoluta. Este é o objetivo claramente definido por Alexis Tsipras, ao passo que o Nova Democracia admite entrar em soluções de governo, incluindo uma coligação com o Syriza.

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“Mas Tsipras nem sequer quer ter uma reunião comigo, nem sequer quer falar comigo”, criticou o líder da Nova Democracia.

Evangelos Meimarakis criticou Tsipras por ter feito promessas que sabia não poder cumprir. Rejeitando as críticas de que o Nova Democracia nunca fez frente à troika, Meimarakis diz que o seu partido “não fez promessas de que iria rasgar o memorando de uma assentada”. Além disso, Meimarakis acusou o Syriza de ter arruinado a recuperação frágil que o Nova Democracia tinha conseguido. “Em janeiro, quando lhe entregámos as rédeas do país, a economia estava em muito melhor estado do que está agora”, atirou Meimarakis, lamentando que a governação do Nova Democracia tenha sido “violentamente interrompida”.

Já Lafazanis, líder da Unidade Popular que quer a Grécia fora da zona euro, diz que “a austeridade é um desastre” e garantiu que voltar ao dracma daria um grande impulso às exportações gregas. Os socialistas do PASOK disseram que o governo de Tsipras merecia o Óscar de pior governo e garantem que se forem governo, irão negociar de forma dura com os credores: “Temos experiência, conhecimento e sabemos como se negoceia de forma dura”.