Mandela, Mujica, Kennedy e Churchill. Estes são os políticos estrangeiros mais admirados pelos nossos líderes partidários. Uma inspiração ou um modelo. Advinha quem é o ídolo de quem?
“Continua a ser uma grande referência”. É assim que Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, justifica ao Observador a escolha de Nelson Mandela. Foi a cara da oposição ao apartheid sul-africano, ao qual ajudou a pôr fim. Esteve preso 27 anos e foi depois Presidente da África do Sul. Uma das suas frases mais conhecidas foi proferida durante o julgamento de Rivonia: “Eu lutei contra a dominação branca, e lutei contra a dominação negra. Eu acarinhei o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual espero viver e alcançar. Mas, se necessário for, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer”.
Madiba, como também era conhecido, “nunca vacilou na sua devoção para com a democracia, igualdade e ensino”. Quem o conheceu pessoalmente descreveu-o como “um idealista sem ingenuidade”, um homem humilde e com sentido de humor. Foi Prémio Nobel da Paz em 1993, juntamente com Frederik Willem de Klerk, pelo trabalho realizado no sentido do fim pacífico do apartheid, e por lançar as bases para a democracia na África do Sul. Distinguido pela sua integridade pessoal e coragem política, mostrou que existem caminhos para sair dos ciclos viciosos da amargura e da violência.
E o ídolo de Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda? É José Mujica que ficou conhecido por ser “o Presidente mais pobre do mundo”, quando esteve à frente da presidência do Uruguai.
Mujica, ainda jovem, juntou-se no início da década de 60 ao Tupamaro, uma organização revolucionária de ideologia de esquerda, que tinha por objetivo enfraquecer o governo repressivo do Uruguai. Foi preso diversas vezes devido às suas atividades enquanto membro do Tupamaro, e foi condenado pela morte de um polícia. Escapou duas vezes da prisão, mas foi re-capturado em ambas as ocasiões. Esteve preso durante 14 anos e foi torturado enquanto cumpria pena, chegando a estar dois anos no fundo de um poço. Só foi libertado quando a ditadura negociou o regresso a um governo democrático.
Sempre envolvido na política após ser libertado, José Mujica tornou-se Presidente do Uruguai em 2010 e cessou funções em março de 2015. A sua presidência ficou marcada pela vida simples que levava. Como o Observador já referiu, Mujica vivia no campo e doava 85% do seu salário de cerca de 10.000 euros a instituições de caridade. Destacou-se pelo seu modo de vida e pelo desprezo pelas formalidades políticas, e pelas políticas progressistas que impulsionou, e que ajudaram o país a subir nos rankings económicos, e pelas políticas sociais como, por exemplo, a legalização do casamento homossexual.
Presidente dos Estados Unidos da América durante o período de Guerra Fria, foi o homem que resolveu a crise dos mísseis de Cuba. John F. Kennedy, à data o mais jovem a chegar ao cargo de presidente dos EUA, é a referência política internacional de Pedro Passos Coelho, presidente do PSD. Na biografia escrita por Sofia Aureliano, Passos Coelho afirma que John Kennedy foi “alguém que sabia que o mundo não muda apenas pelo poder da palavra, mas que as decisões preparadas, planeadas e suficientemente corajosas podem ser decisivas para que as coisas mudem, nem que seja a cinco ou 10 anos de distância”.
Na memória da nação que governou, Kennedy ainda inspira fascínio enquanto líder convincente e carismático durante um período de grande desafio para a política norte americana, diz o Miller Center. Kennedy foi um presidente popular, tanto nos EUA, como no estrangeiro, e os historiadores continuam a classificá-lo entre os presidentes mais amados da América.
Segundo JFK Library, Kennedy “queria ter a certeza que tomava as melhores decisões para o seu país”. Adepto do progresso, desejava que os EUA continuassem a seguir para o futuro com novas descobertas na ciência e melhorias na educação e na empregabilidade. “Queria a democracia e a liberdade para todo o mundo”. Foi ele quem criou o programa Peace Corps, que permite aos americanos voluntariarem-se para trabalhar em locais onde a assistência é necessária.
“Churchill mobilizava os seus e despachava o inimigo”. Assim o vê quem o tem por modelo político.
Foi jornalista, correspondente de guerra, jornalista e escritor, além de pintor, estudioso e um leitor ávido. Esteve nas linhas da frente de batalha, em França, durante a Primeira Guerra Mundial. Mas Winston Churchill ficou conhecido como o homem que liderou a Grã-Bretanha durante a Segunda Guerra Mundial. E o que é que o tornou um líder e homem estado eficaz? A capacidade para inspirar pessoas, a sua visão estratégica, a paixão e a personalidade imperturbável.
Este é o político que Paulo Portas, líder do CDS, idolatra. Churchill inspirava quem o rodeava porque demonstrava entusiasmo, determinação e otimismo. Segundo o The Churchill Center, o forte espírito de perseverança e determinação de Winston Churchil resume-se bem na máxima de “We must just KBO (Keep Buggering On)” – “Temos apenas que continuar a moer-lhes o juízo” – , uma frase que Paulo Portas relembra num artigo escrito para o Observador, no 50.º aniversário da morte do antigo primeiro-ministro inglês. Uma frase que o líder do CDS diz ser “sobre a atitude com que Churchill mobilizava os seus e despachava o inimigo”.
Para Paulo Portas, Winston Churchill era um conservador que estava atento à questão social: “Há um Churchill social que nunca foi um Churchill socialista”, diz ao referir-se às preocupações do antigo primeiro-ministro inglês, por exemplo, para com os trabalhadores, ou o direito das mulheres ao voto.
Sim, falta António Costa, que não esteve disponível para indicar a sua preferência.