Cerca de 600 pessoas tentaram esta quinta-feira cercar a cimeira da UE, em Bruxelas, em protesto contra o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), em discussão entre a União Europeia e os Estados Unidos. Registaram-se mais de 100 detenções.

Em resposta ao apelo de associações, sindicatos e partidos políticos, os manifestantes juntaram-se no bairro das instituições europeias de Bruxelas a cerca de 120 membros da chamada “euro-marcha”, com representantes de partidos de Espanha, França, Itália e da Grécia.

Após diversas atuações musicais e discursos, sob chuva glacial, os presentes distribuíram-se por grupos junto aos edifícios da Comissão, do Parlamento e do Conselho europeus, onde os 28 estão reunidos em cimeira para discutir a crise migratória na Europa.

Foram bloqueados diversos eixos rodoviários no bairro Schuman, para onde foi deslocado um importante contingente policial devido à presença dos dirigentes europeus.

A polícia efetuou “detenções administrativas”, designadamente de militantes espanhóis, segundo a agência noticiosa Belga, que se referiu a “violências” entre os manifestantes e a polícia. Uma pessoa na posse de uma faca será presente em tribunal.

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“O objetivo era bloquear e impedir a entrada dos dirigentes europeus na cimeira”, referiu o porta-voz da polícia, Christian De Coninck. Em princípio, os detidos administrativamente são libertados ao fim de algumas horas.

De acordo com a eurodeputada espanhola Marina Albiol, presente no protesto, os manifestantes detidos foram manietados pela polícia e permaneceram “duas horas” no chão, com as mãos presas pelas costas, e três pessoas foram hospitalizadas, duas por hipotermia e outra por epilepsia. O jornal digital espanhol Publico.es referiu que três deputados regionais do partido Podemos estão entre os detidos.

Encorajados pelo sucesso da manifestação que juntou entre 100 mil e 250 mil pessoas em Berlim em 10 de outubro contra os projetos de livre-comércio UE-EUA-Canadá, os organizadores denunciam a ausência de transparência das negociações em curso.

Os protestos denunciam o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP) UE-EUA, cuja próxima ronda de conversações deverá decorrer no final de outubro em Miami (Flórida, Estados Unidos), e destinado a suprimir as barreias alfandegárias e regulamentares entre os EUA e a Europa, à semelhança do acordo similar que está a ser discutido com o Canadá.

Os opositores destes tratados receiam que, caso sejam ratificados, impliquem uma desregulamentação generalizada e um recuo do campo de ação dos governos em benefício das grandes empresas transnacionais.