A Câmara Municipal de Lisboa comprometeu-se esta quarta-feira a encontrar uma solução para o estacionamento dos moradores do eixo entre o Marquês de Pombal e Entrecampos no prazo de 90 dias. Uma moção levada pelo vereador do CDS à reunião de câmara foi aprovada, com alterações, por unanimidade. O texto prevê que, daqui a três meses, a autarquia diga aos moradores quais “os tarifários negociados para os parques de estacionamento privados de uso público”.

O estacionamento tem sido uma das principais preocupações de moradores e comerciantes da zona, para a qual a câmara tem um ambicioso programa de reabilitação. Num plenário da Associação de Moradores das Avenidas Novas no início de outubro, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, comprometeu-se a negociar com os privados que gerem parques de estacionamento naquela zona no sentido de se estabelecerem preços mais convidativos para os moradores da área. Segundo as contas do eleito centrista, uma avença anual em parques pode custar mais de mil euros.

Elogiado por todas as forças políticas e muitos lisboetas, o projeto da câmara sempre mereceu críticas do CDS, cujo vereador até apresentou uma proposta de reabilitação alternativa. Depois de, há duas semanas, o eleito centrista ter levado à reunião pública de câmara uma moção que nem chegou a ser votada, esta quarta-feira o texto de João Gonçalves Pereira mereceu mais concordância (apesar de as diferenças entre um e outro serem pequenas).

Além do estacionamento, a moção aprovada estabelece igualmente um prazo de 90 dias para se fazer “a divulgação junto dos moradores e comerciantes o planeamento da execução de empreitada, por forma a tentar minimizar os impactos e constrangimentos que a mesma vai obrigar”. Por outro lado, quando todas as “ideias, alterações e benfeitorias” sugeridas pelos lisboetas sejam integradas no projeto, deverá ser promovida nova sessão pública, à semelhança do que aconteceu na Assembleia Municipal de Lisboa no início de outubro.

“Se não fosse o CDS a levantar o problema, a colocar o tema na agenda política, os moradores e comerciantes não tinham estas garantias”, comenta o centrista João Gonçalves Pereira ao Observador. O vereador considera que o papel do CDS nesta discussão “está cumprido e tem nota positiva”. Em pouco mais de um mês, o partido não só criticou o projeto do executivo socialista como apresentou um outro, lançou um outdoor de ataque às ideias da autarquia e disponibilizou uma aplicação para smartphones Android, a Lisboa Menos Estacionamento, da qual constam os lugares que o CDS diz que se vão perder. Manuel Salgado, vereador do Urbanismo do município, sempre negou que se perdessem os 604 lugares que João Gonçalves Pereira alega.

Outra voz dissonante foi a do presidente do Automóvel Clube Português, Carlos Barbosa, que chegou a propor a “a realização de um referendo aos lisboetas” sobre este assunto, por achar que as alterações ao tráfego previstas são prejudiciais. O município pretende requalificar profundamente as praças Duque de Saldanha e Picoas, bem como as avenidas Fontes Pereira de Melo e da República. A intervenção prevê o reordenamento do trânsito, a diminuição das faixas de rodagem, o alargamento dos passeios, a plantação de árvores, a criação de esplanadas, de duas ciclovias e a eliminação de lugares de estacionamento.

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