Quando partiram da Coreia do Sul, aquela rapariga de 16 anos e o irmão levavam na bagagem um sonho: iam para os Estados Unidos estudar. Sook Yeong Park era a tutora que ia receber os irmãos em casa, ia cuidar deles e acompanhá-los na sua passagem pelo liceu Francis Lewis High School, em Queens. Este era o plano. Mas a experiência revelou-se bem diferente.

Ao invés de dias enriquecedores de estudo e descoberta de um novo país, aconteceram seis meses de abusos e trabalho forçado. Yeong Park, 42 anos, foi condenada este sábado por abuso em terceiro grau e por pôr em perigo o bem-estar de crianças. Terá de pagar uma multa de 10 mil dólares (9207 euros). A história é contada pelo New York Times.

A rapariga faltava regularmente à escola e, quando ia, as professoras apanhavam-na a dormir. Na semana passada, uma das assistentes reparou nas imensas feridas que tinha no corpo. Começou aí a investigação da escola e da Justiça.

Segundo o jornal, a investigação apurou que a rapariga vivia num “armário pequeno, só com um cobertor” e o rapaz dormia no chão da casa de banho. A mulher batia nos jovens quando eles não obedeciam às ordens dela. E as ordens eram muito variadas: a rapariga tinha de fazer manicure e pedicure e massajar-lhe as costas e os pés — uma vez fez massagens à tutora durante 5 horas, enquanto esta via televisão, soube a polícia. Ambos ficaram proibidos de contactarem os pais.

O advogado de Yeong Park, Dennis J. Ring, disse que as autoridades estavam a tirar conclusões precipitadas baseadas “num testemunho não corroborado de uma rapariga de 16 anos que não gostou da escolha da mãe”, referindo-se à decisão de irem estudar para os EUA.

Uma assistente da escola chegou mesmo a ir a casa de Yeong Park, em Flushing, para a obrigar a entregar os passaportes dos dois adolescentes. A polícia suspeita que a mulher ficava com o salário que eles ganhavam na mercearia onde trabalhavam. A mesma assistente dirigiu-se a essa mercearia para recolher o que faltava. Segundo um vizinho ouvido pelo jornal, o rapaz chegou a oferecer-lhe ajuda para cuidar da casa, de forma a ganhar mais dinheiro. A tutora foi condenada. Mas o futuro das crianças ainda não é conhecido.

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