O Ciudadanos chegou a acordo com o partido socialista espanhol, o PSOE, para apoiar a investidura de Pedro Sánchez como presidente do Governo, noticia a imprensa espanhola. No entanto, nada ficou decidido em relação ao impasse político que se vive em Espanha. Isto porque se o PP, de Mariano Rajoy, se opuser ao eventual novo Governo, o acordo alcançado deixa de ter qualquer validade. O Podemos negou até a viabilidade deste desfecho “porque não somam” as forças necessárias à formação do Executivo.
Apesar de tudo, este é o primeiro resultado concreto saído das várias maratonas de negociações desde o dia das eleições em Espanha, a 20 de dezembro. Para aí se chegar, Albert Rivera apresentou uma série de exigências, entre elas uma reforma da Constituição em cinco temas. A proposta foi aceite por Sánchez.
DIRECTO https://t.co/HNlty3qbOw Rivera: "Aquí hay un acuerdo para formar Gobierno [no de investidura]" https://t.co/u22T5ts1yi
— EL PAÍS (@el_pais) February 24, 2016
Porque o Ciudadanos e o PSOE juntos não reúnem deputados suficientes para formar Governo, os partidos não têm outra hipótese se não apelar à abstenção do PP. Até porque uma abstenção do Podemos se tornou mais difícil depois de o partido liderado por Pablo Iglesias ter dito que este acordo não tinha viabilidade.
Para se chegar à assinatura entre Rivera e Sánchez foi necessário chegar a acordo em alguns pontos. São eles:
- O PSOE aceitou uma das exigências do Ciudadanos, que queria eliminar as chamadas “Diputaciones” (dirigentes regionais que são uma espécie de Governadores Civis);
- Em troca, o Ciudadanos desistiu do contrato único;
- O contrato de trabalho indefinido fica tal e qual como está. Já em relação ao contrato temporal, este fica limitado a uma duração de dois anos;
- A proposta socialista de alterar a reforma laboral feita pelo PP mantém-se;
- No documento do acordo prevê-se também “restabelecer a universalidade do Sistema Nacional de Saúde”;
- No que diz respeito ao aborto e à chamada “barriga de aluguer”, os partidos decidiram contornar estas questões, devido às claras diferenças de posição entre eles. No entanto, e como nenhuma das partes quer abdicar das suas opiniões, ficou decidido que cada um terá a oportunidade de tomar iniciativas pelos seus próprios meios.
Rajoy diz que acordo entre Ciudadanos e PSOE “não serve para nada”
Ainda antes de se conhecer o acordo entre socialistas e Ciudadanos já o ainda presidente do Governo, Mariano Rajoy, afirmava, citado pelo El Pais, que o apoio do partido de Rivera “não serve para nada”. Isto porque os dois partidos não reúnem os apoios suficientes e o acordo não aborda, na opinião do líder do PP, os assuntos verdadeiramente importantes para as pessoas:
Alguns classificam-no de pacto de vida ou publicitário. Eu não vou entrar nessas coisas e simplesmente digo que não é de investidura nem de Governo (…) Aqui toda a gente promete sabendo que não vai poder cumprir”.
Para além disso, Rajoy garante que, se Sánchez não reunir os apoios suficientes e não conseguir liderar o novo Governo, ele próprio vai tentar sentar-se novamente à frente do Executivo, deixando um aviso ao líder socialista se este não o apoiar: “Terá que explicar que foi por sua culpa que teremos de repetir as eleições”.