Fresco, branco, fácil de beber e acessível. É assim que a jornalista Susy Atkins começa por descrever o vinho verde, considerando-o o melhor vinho para levar a um piquenique. O elogio é verdadeiramente simpático não estivesse ela a escrever para o jornal britânico The Telegraph.

A propósito das temperaturas elevadas que se avizinham (fica aqui uma súplica a São Pedro), o vinho verde surge como a opção ideal para acompanhar “saladas, carnes frias ou salmão fumado”. Mais há mais a registar: o vinho é considerado “jovem”, cheio de vida e com uma boa acidez, além de oriundo de uma região dotada de um clima mais frio, chuvoso até, que contrasta com o sul quente do país (estamos a olhar para ti, Alentejo).

Tendo em conta apenas os vinhos verdes brancos, a sugestão de Atkins passa pela prova de vinhos monocasta (produzidos a partir de uma única variedade de uva) em detrimento daqueles que resultam da mistura de vários tipos de uva — Atkins chega mesmo a destacar as castas loureiro, arinto e alvarinho.

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Captura de ecrã do artigo do The Telegraph.

Vinho que é um festival

Nem de propósito, nos próximos dias 3 e 5 junho o Pátio da Galé abre as portas à segunda edição do Alvarinho Wine Fest. O festival pretende homenagear a casta Alvarinho, sobretudo associada às vinhas de Monção e Melgaço, pelo que traz mais do que 30 produtores à capital. A identidade da casta que — juntamente com o loureiro — é considerada a rainha dos vinhos verdes brancos vai estar em debate, seja nas provas comentadas, nas wine talks, showcookings ou harmonizações. A entrada é gratuita e é possível adquirir um copo de provas por apenas 3 euros.

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O vinho verde parece andar definitivamente nas bocas dos portugueses, dado que também o Vinho Verde Wine Fest regressa em julho, desta vez na Invicta. De 21 a 24 as provas fazem-se na Alfândega do Porto, com vista privilegiada para o rio Douro e para as caves de Gaia, ali tão perto. A admissão ao Vinho Verde Wine Fest custa 10 euros por pessoa e inclui oito bebidas (vão marcar presença 36 produtores), a participação numa prova de vinhos comentada à escolha e uma sessão de showcooking ou workshop.

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Foto: idrisulas/iStock

O que é preciso saber sobre o vinho verde?

Ao contrário do que em tempos se possa ter pensado, o vinho verde não é feito a partir de uvas verdes, até porque a vindima acontece no momento de perfeita maturação da uva, palavra do presidente da Comissão de Viticultura dos Vinhos Verdes, Manuel Pinheiro.

O vinho em causa é caracterizado por uma frescura natural e pelo baixo teor alcoólico, pode ser bebido branco, tinto ou rosado — sendo que também existe espumante de vinho verde, aguardente bagaceira e aguardente vínica — e é produzido numa das maiores regiões demarcadas no país e na Europa, situada no noroeste de Portugal. É caso para tanto: a Região Demarcada dos Vinhos Verdes estende-se pela zona tradicionalmente conhecida como Entre-Douro-e-Minho, conta com 18.000 produtores e 600 engarrafadores, sendo que só em 2015/2016 foi responsável pela produção 87 milhões de litros.

“O que caracteriza e transmite caráter ao vinho é o clima, os solos e as castas”, garante ao Observador Manuel Pinheiro. A região é tida como um anfiteatro virado para o mar, com as vinhas também elas viradas para o manto de água, sendo que os vales “levam a influencia marítima para o interior” — por aqui não há verões muito quentes nem invernos muito frios.

Às temperaturas amenas juntam-se os solos maioritariamente de granito, que conferem mineralidade ao vinho. E o que dizer das castas? Manuel Pinheiro eleva o alvarinho e o loureiro, castas autóctones que dão distinção ao vinho e fazem dele mais leve e fresco.

Dada a sugestão, escolha a paisagem preferida, estenda a toalha, distribua a comida com gosto e sirva o vinho (verde) que melhor lhe souber.