Vivenda Calamidade
Ellery Queen
(Livros do Brasil)
A Livros do Brasil está a relançar a mítica coleção Vampiro. É tudo irresistível: o tamanho, o papel, a fonte, o grafismo e as ilustrações da capa… O charme imbatível dos objetos realmente históricos. Este é um dos dois primeiros títulos da nova vida. E desconfio que, quando o abrirmos, o mundo vai voltar a ter só dois canais, telefones de disco e bibliotecas itinerantes da Gulbenkian.
Mulher de Porto Pim
Antonio Tabucchi
(Dom Quixote)
Mais fresquinho seria difícil. Foi ainda este mês que a Dom Quixote tornou mais bonita a Feira do Livro de Lisboa com esta bonita reedição de um títulos clássicos de Antonio Tabucchi. Bem a tempo de o levarmos para onde e quando devem ser lidos: numas férias nos Açores.
Todos os Contos
Clarice Lispector
(Relógio d’Água)
Uma pessoa de bem deve ler, pelo menos, um calhamaço por férias. É o tempo dos calhamaços. Nos meses de trabalho, lemos necessariamente aos poucos e o calhamaço vai-se danificando e a memória perdendo. Este calhamaço, ainda por cima, é lindo. Se não despertar a atenção de, pelo menos, uma moça interessante na praia, é porque não havia moças interessantes na praia.
Um Copo de Cólera
Raduan Nassar
(Companhia das Letras)
Muitos só ouviram falar dele este ano quando ganhou o Prémio Camões. Eu não. Eu tinha ouvido falar alguns quinze dias antes, quando soube que era candidato ao Man Booker International. Este paulistano de 80 anos só publicou três livros: um romance, uma novela e uma colectânea de contos, qualquer um deles há mais de 20 anos. E este Verão é uma belíssima altura para acabarmos com a vergonha de nunca o ter lido.
Alexandre Borges é escritor e guionista. Assinou os documentários “A Arte no Tempo da Sida” e “O Capitão Desconhecido”. É autor do romance “Todas as Viúvas de Lisboa” (Quetzal).