Marcelo Rebelo de Sousa e José Sócrates estiveram esta segunda-feira no mesmo evento, em São Martinho da Anta. Ambos foram convidados pelo presidente da câmara de Sabrosa, José Marques, para inaugurar a Casa Miguel Torga. Um enquanto Presidente da República, que estará entre esta segunda e quarta-feira em mais um roteiro do Portugal Próximo, desta vez em Trás-os-Montes; o outro enquanto ex-primeiro-ministro, por ter sido o seu Governo a impulsionar o projeto de homenagem ao escritor, natural daquela terra.

Segundo o jornal Expresso, Marcelo foi previamente informado da presença do ex-primeiro-ministro socialista. Na agenda do roteiro do Presidente da República, a inauguração da Casa Miguel Torga estava marcada para as 15h, sendo que os dois acabariam por chegar mais ou menos à mesma hora, cruzando-se, mas só se cumprimentando no final. Antes disso, no entanto houve troca e palavras simpáticas. Durante o discurso que fez na cerimónia, Marcelo começou por dizer ao autarca local que “fica-lhe muito bem ter gratidão em relação àqueles que, ao longo do tempo, contribuíram” para que o espaço em memória do escritor transmontano Miguel Torga fosse possível. No caso, José Sócrates.

Foi só depois dos discursos, nomeadamente do discurso do presidente da câmara José Marques, que também enalteceu o papel do ex-primeiro-ministro na concretização do projeto, que José Sócrates se aproximou do Presidente da República para o cumprimentar e para lhe desejar “boa sorte”. De Marcelo, Sócrates também ouviu palavras simpáticas: “Muitos parabéns pelo contributo para esta obra de importância nacional”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa já tinha dito antes aos jornalistas que se tivesse oportunidade de cumprimentar José Sócrates o faria, questionando a razão por que “não haveria de registar aquilo que foi o contributo do Governo a que ele presidiu para esta obra”. “Eu acho que as pessoas não podem, nem devem, e o Presidente da República menos que todos, não podem ser facciosas. Ao longo do tempo muita gente contribuiu para certas obras e o reconhecer disso é uma questão de justiça”, defendeu, citado pela agência Lusa.

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Marcelo concluiu ainda que “não há que discriminar uns em relação aos outros”.

Sócrates aceita convite pelo “simbolismo”. “É uma honra”

À chegada ao local, José Sócrates já tinha defendido a “honra” e a “importância simbólica” da sua presença — “pelo significado que tem para o Governo” que liderou. “Terei o maior gosto em saudar o Presidente da República que se associou a esta inauguração, que é da maior importância quer do ponto de vista simbólico quer político“, começou por dizer aos jornalistas, explicando que, do ponto de vista político, sente “orgulho” e “honra” por ter liderado um Governo que “ajudou a fazer uma obra de importância nacional”.

Segundo José Sócrates, o facto de o Presidente da República também estar presente na mesma inauguração nada tem a ver com a sua presença, uma vez que “foi o presidente da câmara que [me] o convidou”. “Mas acho da maior importância que o Presidente da República se tenha associado e dignado a vir a esta inauguração”, acrescentou.

O espaço que homenageia o escritor foi projetado pelo arquiteto Souto Moura e é oficialmente inaugurado esta segunda-feira, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República, que se encontra na região de Trás-os Montes no âmbito de mais um roteiro da sua presidência aberta. O edifício foi precisamente construído na terra natal de Miguel Torga, sendo que o projeto inicial vem do primeiro governo de José Sócrates.

*artigo atualizado às 18h