“Bloquear Espanha não é opção” — é assim que Albert Rivera explica a possibilidade de o Ciudadanos se abster a uma tomada de posse por parte de Mariano Rajoy. Antes das eleições, o líder dos Ciudadanos tinha prometido não facilitar a vida a um Governo PP. Mas esta terça-feira, depois de uma reunião de cerca de uma hora e meia com Mariano Rajoy, admitiu mudar.

Neste momento, quero que nós, partidos da oposição, façamos uma reflexão e sejamos responsáveis. A opção de uma terceira eleição não é uma opção. Bloquear Espanha não é opção”, disse esta terça-feira Albert Rivera, citado pelo El Español.

O líder do Ciudadanos esteve reunido com Mariano Rajoy durante cerca de uma hora e meia, para desbloquear a formação de um Governo em Espanha. Rivera já admitiu que o seu plano A — governar em coligação — ficou inviabilizado com a vitória do PP nas urnas. Por isso, quer passar ao plano B o quanto antes: permitir que o PP forme um Governo minoritário e fazer uma oposição “responsável”, focada na construção de “pontes”.

O Ciudadanos quer definir o quanto antes o seu sentido de voto. A direção do partido deverá reunir-se de urgência já esta quarta-feira, para decidir se os 32 deputados vão votar a favor, ou abster-se, perante um Governo do PP, liderado por Rajoy.

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De acordo com o El País, a proposta de Rivera será que o partido se abstenha, sem pedir nada em troca. O objetivo é pressionar o PSOE a fazer o mesmo e encaminhar Rajoy para um Governo minoritário. É que só a abstenção dos Ciudadanos não chega para validar um Governo PP. Será preciso que 45 dos 85 deputados socialistas se abstenham também (ou, no caso da Coalición Canaria apoiar explicitamente o PP, 43 abstenções).

No final do encontro, Rivera revelou ainda que Mariano Rajoy pretende submeter-se a uma sessão de tomada de posse na última semana de julho, ou na primeira de agosto.

Podemos pressiona PSOE

Já Pablo Iglesias, líder do Podemos, saiu da reunião bilateral com Rajoy a vincar a sua frontal oposição a um Executivo PP. Entre os dois partidos não há qualquer possibilidade de entendimento.

Pablo Iglesias aproveitou ainda para pressionar Pedro Sánchez, líder do PSOE. Segundo o El País, Iglesias sublinhou que Sánchez deve agora escolher entre validar um Governo do PP, liderar uma alternativa de esquerda ou enviar o partido para uma terceira ida às urnas. Se Sánchez deixar passar, através da abstenção, um Governo conduzido por Mariano Rajoy, receberá da parte do Podemos uma “leal” oposição.