Donald Trump disse, numa entrevista ao The New York Times, que, os EUA não devem defender automaticamente um parceiro da NATO em caso de ataque. Antes, defendeu o candidato republicano, deve ser avaliado o contributo desse país para a aliança.

Trump disse, por exemplo, que se a Rússia atacasse algum dos países bálticos — uma das principais ameaças com que a NATO lida atualmente –, iria avaliar se esses países “cumpriram as suas obrigações para connosco”, antes de os auxiliar militarmente.

De acordo com o jornal, Trump sublinhou que não teria problemas em obrigar os países aliados a suportar os custos que os EUA tiveram durante décadas com a defesa na NATO, e se sentiria à vontade para cancelar tratados antigos caso não fossem favoráveis às suas políticas. No fundo, escreve o The New York Times, Trump quer redefinir o que é ser um parceiro dos EUA.

“Prefiro poder continuar” os acordos que existem, admitiu Trump, mas apenas se os países aliados deixarem de se aproveitar dos Estados Unidos, acrescentou o candidato. O lema “América primeiro” pode, por isso, estender-se até aos membros da NATO.

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Na entrevista, feita pelo jornal norte-americano no dia anterior ao dia em que Trump aceitou formalmente a nomeação republicana, o milionário falou ainda da situação atual da Turquia.

“Dou grande crédito a Erdogan por ter sido capaz de reverter aquilo [a tentativa de golpe]”, disse Trump, afirmando que não acredita que o golpe tenha sido encenado.

O candidato republicano não defende, relativamente às purgas que o regime de Erdogan está a fazer na sequência da tentativa de golpe, que o líder turco tenha de seguir os padrões ocidentais de justiça:

Quando o mundo vê quão maus os Estados Unidos são e nós começamos a falar de liberdades civis, não penso que sejamos bons mensageiros”.

No entanto, Trump admitiu que poderia persuadir Erdogan a fazer mais esforços no sentido de combater o Estado Islâmico, uma prioridade que, para o candidato republicano, se deve sobrepor à saída de Bashar al-Assad. “Assad é um homem mau, fez coisas horríveis”, acusou Trump, acrescentando, contudo, que o Estado Islâmico representa uma ameaça maior.

O candidato republicano à Casa Branca tem defendido ao longo da campanha que os EUA se devem preocupar primeiro com os problemas internos. “Não temos o direito de dar uma palestra” aos outros países. “Como o podemos fazer quando há pessoas a matar policias a sangue frio?”, questionou Trump.

Além da NATO e da Turquia, a entrevista de 45 minutos de Trump ao The New York Times abordou ainda outros assuntos polémicos.

Trump assumiu que, se necessário, terminaria com o NAFTA (Tratado Norte-Americano para o Comércio Livre) “num segundo”. Esta aliança, um tratado para o comércio livre que junta EUA, Canadá e México, só deve continuar a existir se os países terminarem com medidas que atraiam as fábricas para fora dos EUA, defende Trump.

O candidato republicano explicou ainda que quer modernizar o arsenal nuclear dos Estados Unidos. “Temos muitas armas obsoletas”, incluindo armas nucleares “que nem sabemos se funcionam ou não”.