O homem que atirou uma mota para a frente do camião de Mohamed Lahouaiej Bouhlel, durante o ataque em Nice, para tentar impedir o horror, deu uma entrevista ao jornal local Nice Matin, em que garantiu que “estava lúcido e pronto para morrer para o travar”.

Franck, um funcionário do aeroporto de Nice, de cinquenta anos, foi dado como morto por muitos, mas o jornal da cidade — “o seu jornal” — encontrou-o. Numa entrevista, Franck contou a história do dia em que foi com a mulher ver o fogo-de-artifício que assinalava o 14 de julho, dia da tomada da Bastilha, festa nacional dos franceses.

“A minha mulher disse: «Para, alguma coisa está errada». E ao virarmo-nos, vimos a multidão a correr em todas as direções, como se alguma coisa estivesse a voar. E foi aí que vimos o camião a vir”, explicou Franck ao Nice Matin.

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“Nós estávamos no meio da estrada, havia poucos carros. Tive de guiar a 60 quilómetros por hora. Nem tive tempo de olhar pelo retrovisor e ele passou por mim. Ele estava a conduzir em cima do passeio.”

Franck conta que nesse momento, teve na sua mente “imagens de corpos a voar para todo o lado”. “Percebi imediatamente, e decidi acelerar”, recorda.

A mulher ainda o tentou parar, para perceber onde ia, mas Franck acelerou, “determinado”.

“Quando cheguei ao lado do camião, perguntei-me: «O que vais fazer com a tua pobre scooter?» E foi aí que a atirei contra o camião. Continuei a correr atrás dele. Lembro-me de cair e depois continuar ainda mais rápido. Não sabia o que estava a fazer. Finalmente, consegui segurar-me à cabina”, lembra o homem.

Franck conseguiu subir para os degraus da porta, “com a janela aberta, a olhar para ele”. “Bati-lhe várias vezes, com toda a minha força, com a mão esquerda, apesar de ser destro”, afirma.

“Ele tinha uma arma, mas não funcionou. Eu estava pronto para morrer. Estava lúcido e pronto para morrer para o travar. E continuei a tentar.”

O fim do ato heroico aconteceu quando Mohamed Lahouaiej Bouhlel atingiu Franck com a coronha da espingarda, e o fez cair do camião.

O acontecimento deixou marcas em Franck. Além da mão esquerda dorida, uma costela partida e várias contusões nas costas, o homem ficou afetado sobretudo a nível psicológico.