Desde que o burkini foi banido em algumas regiões francesas, as vendas destes fatos-de-banho de corpo inteiro dispararam, até em mulheres não muçulmanas. Quem o afirma é a designer australiana Aheda Zanetti, a criadora desta peça de roupa, que garante que as proibições só têm atraído atenções para o fato-de-banho. “Posso dizer que no domingo, online, recebemos 60 encomendas. Todas de não muçulmanas”, disse Zanetti à AFP, acrescentando que o número habitual aos domingos ronda a dezena.
A designer afirma que tem recebido inúmeras mensagens de apoio, especialmente de mulheres que não são muçulmanas. “Muita da correspondência”, explica, vem de pessoas que “são sobreviventes de cancro da pele, e sempre esperaram por algo como isto”. O burkini, de tecido leve que seca rapidamente, é usado por estas pessoas como proteção do sol.
O burkini não é o primeiro fato-de-banho islâmico, mas, de acordo com Zanetti, trata-se do primeiro composto por duas peças e que inclui uma cobertura para a cabeça. Contudo, para a designer, é mais do que uma questão religiosa. “As mulheres estão juntas nisto, não interessa a raça ou a religião”, explica à agência AFP. Zanetti só recebeu, até agora, uma mensagem de ódio. Vinha de França e dizia: “preferimos que as nossas mulheres estejam nuas”.
França está no centro da polémica, já tendo banido o uso do burkini em 15 cidades no sudeste do país. Cannes foi a primeira cidade fazê-lo, a 28 de julho, e várias outras regiões do sul do país seguiram o exemplo. Os tribunais têm dado razão às autarquias, nos casos em que tem havido protestos contra a proibição. Na ilha da Córsega, as autoridades também decidiram banir o burkini, após confrontos que envolveram muçulmanos e outros banhistas numa praia.