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Histórias de vítimas: uma avó salvou os netos colocando-os debaixo da cama

Este artigo tem mais de 5 anos

O violento sismo que ocorreu esta madrugada em Amatrice fez pelo menos 120 mortos. Mas há ainda várias pessoas debaixo dos escombros. Conheça aqui algumas das histórias das vítimas.

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Getty Images

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Os relatos de quem testemunhou a tragédia contam que se ouvem vozes que pedem ajuda por entre os escombros. Assim terá acontecido com os jovens Samuele e Leone, de quatro e seis anos. As duas crianças estavam a dormir na casa da avó, Vitaliana, quando o sismo aconteceu. Foi a rápida reação da avó que lhes salvou a vida. Vitaliana, que já está habituada a viver numa zona sísmica, escondeu os meninos debaixo da cama.

O pai das crianças estava a trabalhar em Roma e quando soube do desastre foi imediatamente até àquela localidade. Tinha antes falado por telefone com o seu tio Ricardo, que não tinha tido a coragem de lhe dizer que a casa de Vitaliana tinha sido engolida pela destruição e não era fácil encontrá-la.

Os destroços tornaram ruas e casas irreconhecíveis. Perante o cenário de calamidade, os homens começaram a chamar pelos nomes dos meninos e acabaram por ouvir a resposta que tanto procuravam. As duas crianças foram resgatadas com vida. A avó também foi retirada dos escombros, mas esteve presa durante mais horas e o seu estado é grave. Ricardo disse também que ainda não conseguiram encontrar o avô.

Nas ruas destruídas da cidade, as pessoas tentam escavar com as próprias mãos por entre os escombros na tentativa de salvar alguém. Uma idosa de 80 anos foi encontrada e o mesmo aconteceu com uma outra mulher que passou sete horas debaixo do que restava das paredes do seu quarto.

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Outro exemplo de sobrevivência é o que o jornal El Español mostra num vídeo em que um voluntário acalma uma mulher que ficou presa enquanto a ajuda da proteção civil não chega para libertá-la. No vídeo ouve-se o homem a perguntar à mulher: “Consegue respirar um pouco? Consegue? Então o importante agora é que estejamos tranquilos. Os bombeiros também estão a chegar. Vamos tentar tirar-lhe isto tudo de cima. Estamos à espera para não a magoarmos, está bem?”. A mulher diz qualquer coisa inaudível no vídeo e o homem responde-lhe dizendo “escute, sei que não é bonito de se dizer, mas se tiver que fazer xixi faça. Agora afasto-me um pouco e faça”.

Outra história, menos feliz, é a de dois irmãos gémeos de seis anos que ficaram soterrados quando um edifício colapsou. Simone foi retirado já sem vida, mas Andrea foi transportado de emergência para Roma ainda com vida, mas num estado muito grave, conta o jornal La Stampa.

Escavam com as próprias mãos para tentar salvar as pessoas soterradas

Em Accumoli, uma região com apenas 735 habitantes mas que recebe muitos turistas nesta altura do ano, cerca de 2.500 pessoas terão sido afetadas pelo terramoto. A comuna italiana está sem luz e sem ligação telefónica e há várias pessoas ainda presas debaixo dos escombros. O jornal El País conta que há várias pessoas a escavar com as suas próprias mãos para tentar salvar famílias. “Ouviam-se os gritos da mãe e de uma das crianças”, conta uma testemunha.

Uma outra residente contou à cadeia de televisão italiana RAI que acordou com o tremor e viu uma parede do seu quarto a abrir-se. Ainda assim, teve tempo para escapar com os seus filhos.

Foi em Accumoli que uma família inteira perdeu a vida soterrada nos escombros da sua casa. Várias pessoas terão tentado salvar a mãe, o pai e as duas crianças: um bebé de oito meses e um menino de oito anos. Os corpos das crianças foram os primeiros a ser recuperados. O bebé terá morrido a caminho do hospital. Horas depois, os bombeiros conseguiram alcançar os pais, que estavam abraçados debaixo dos destroços.

Em Rieti, um homem conta que “as casas velhas desmoronaram-se todas, a rua principal está um desastre. Saí de casa a correr de madrugada, meio nu. Agora estamos a tentar ajudar os outros. Tivemos que sair com o trator para tirar os escombros das ruas”.

Há quem descreva o momento em que ocorreu o sismo como uma “bomba” que explodiu.

O Corriere della Sera conta que várias pessoas que estavam em andares mais altos tentaram escapar pelas janelas deslizando por lençóis.

Quando a tragédia abala duas vezes

Os italianos ainda têm presente na memória o terramoto de 2009 em Aquila. Uma mulher que decidiu abandonar aquela cidade depois do sismo, perdeu agora a sua filha, de 18 meses, no terramoto que afetou a zona central de Itália. A bebé estava a dormir no berço, junto aos pais, que sobreviveram, mas não resistiu depois de ter ficado soterrada. O avô da criança terá tentado salvar a criança, mas o esforço foi em vão. O pai está no hospital de Ascoli e o seu estado não é grave. Já a mãe da criança foi transportada para o hospital regional de Torrette de Ancona e está a ser observada devido aos ferimentos que sofreu.

Os relatos de quem está em Itália

O jornal brasileiro G1 recolheu testemunhos de brasileiros que estavam nas zonas afetadas pelo sismo. Priscila Haydée, de 30 anos, natural de Taubaté, relatou o que se passou naquela noite: “Eu e o meu namorado estávamos dormindo quando acordei achando que ele estava a ter uma convulsão porque a cama tremia muito. Só quando olhei para a porta e vi que também tremia é que percebi que era um terramoto e começou o desespero”. Conta ainda que toda a gente reagiu rapidamente e procuraram saber os conselhos da Proteção Civil. Explica ainda que sentiu três tremores de cerca de vinte segundos. O primeiro terá acontecido às 3h36. Priscila diz que aquele foi um dos momentos mais longos que já viveu.

Luciana Migliaccio descreveu o que sentiu: “É uma sensação muito difícil de explicar. É como se a gente estivesse num barco. Você sente enjoo, tontura, começa a sentir que está a tremer sempre. É complicada a situação física e emocional”. Conta ainda que procurou uma lanterna e saiu para a rua em busca de um lugar seguro. Tem agora preparado um “kit de sobrevivência com uma troca de roupa, lanterna, água e biscoitos para o caso de uma réplica que exija outra saída de casa”.

Rosana Conrado, natural de São Paulo, conta que acordou em pânico com o alarme do prédio a tocar incessantemente. Explica que a sua cama parecia “uma gelatina” e que as portas e janelas abriram-se e começaram a bater. Apesar de estar a 160 quilómetros do epicentro do sismo, diz que sentiu os seus efeitos durante “cerca de dois minutos”. Vestiu-se apressadamente e dirigiu-se para a praça central da cidade onde estavam várias pessoas. Entre elas, havia idosos e crianças. Uma das crianças “chorava muito”.

Um violento sismo de 6,2 na escala de Richter atingiu a região central de Itália, durante a madrugada desta quarta-feira. Os últimos balanços apontam para 120 mortos, confirmados pelo primeiro-ministro italiano, mas há ainda várias pessoas presas nos escombros e esse número pode vir a aumentar. Já foram sentidas mais de 150 réplicas e a região não vai ter sossego nas próximas horas.

A situação é dramática. O hospital da vila ficou muito danificado e os doentes que estavam internados tiveram que ser trazidos para a rua. As vítimas do terramoto que têm ferimentos poucos graves estão a ser assistidos na rua. Já os que necessitam de mais cuidados são transferidos para outros hospitais e unidades de saúde da região.

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