Um empresário português que é procurado pela Interpol foi convidado pela embaixada de Portugal em Angola para um evento oficial numa fragata da Marinha Portuguesa, escreve esta segunda-feira o Jornal de Notícias. O porta-voz da Marinha confirmou a este jornal o convite do empresário Guilherme Taveira Pinto para “uma receção a bordo” do navio, que, por ser das forças armadas portuguesas, é território nacional, onde quer que esteja atracado.

Guilherme Taveira Pinto é um dos principais visados num processo de corrupção e branqueamento de capitais, sobretudo num negócio de venda de armas entre Espanha e Angola. O empresário terá servido de intermediário entre a Defex, uma empresa pública espanhola, e o governo angolano, num negócio que envolveu uma venda de armas destinadas à polícia de Angola. O negócio, de 153 milhões de euros, acabou por falhar.

Desde 2014 que o empresário é alvo de um mandato de detenção internacional. No último sábado, o jornal espanhol El Mundo descobriu Guilherme Taveira Pinto em Luanda, “onde vive tranquilo, sabendo que não o irão deportar”. De acordo com a investigação do jornal espanhol, o empresário fugiu à pressa de Portugal e não deverá ser deportado, já que Angola não tem um convénio de extradição com Espanha. Quando, em 2014, a polícia portuguesa tentou deter Taveira Pinto na sua casa nos arredores de Lisboa, o empresário já não se encontrava lá.

O mandato internacional de que o português é alvo não impediu a embaixada portuguesa em Luanda de o incluir na lista oficial de convidados de um evento de “Cooperação Técnica Militar”. Segundo o JN, nesta receção, que decorreu oficialmente em território português e promovida pela própria embaixada, estiveram empresários, gestores, ministros e militares, para promover negócios na área da defesa.

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