O governo do Equador confirmou esta quarta-feira que cortou o acesso de Julian Assange à internet, para evitar a interferência no processo eleitoral dos EUA. O fundador do WikiLeaks ficou sem acesso à internet no último fim de semana, pouco depois de a plataforma ter divulgado uma série de e-mails da campanha de Hillary Clinton, incluindo discursos da candidata democrata no banco de investimento Goldman Sachs, que revelavam grande intimidade entre Clinton e os banqueiros de Wall Street.
Num comunicado publicado pelo governo do Equador, o país “reafirma o asilo concedido a Julian Assange, e reitera a sua intenção de salvaguardar a sua vida e integridade física até chegar a um lugar seguro”. Ainda assim, o governo daquele país assume que cortou o acesso à internet ao fundador do WikiLeaks depois da publicação de um conjunto de “documentos com impacto na campanha eleitoral dos EUA”, uma decisão “tomada exclusivamente por aquela organização”.
O Equador justificou o corte de internet com a “não-intervenção nos assuntos internos dos outros países”, já que o país “não interfere em processos eleitorais externos, nem apoia nenhum candidato em particular”. Por isso, explica o Ministério dos Negócios Estrangeiros no comunicado, “o Equador exerceu o seu direito soberano de restringir temporariamente o acesso a algumas redes de comunicação na sua embaixada no Reino Unido”, uma suspensão que, acrescenta, “não impede o WikiLeaks de levar a cabo as suas atividades jornalísticas”.
Official Communiqué | Ecuador respects the principle of non-intervention in the internal affairs of other states ➡️https://t.co/4F7R5Iktsd pic.twitter.com/5FtbLViMEo
— Foreign Affairs Ec (@MFAEcuador) October 18, 2016
Esta quarta-feira, o portal revelou que o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pediu ao Equador para evitar que o WikiLeaks divulgue informação classificada sobre a candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, sobre as negociações de paz entre o Governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). O Departamento de Estado norte-americano negou este pedido.
Julian Assange vive na embaixada do Equador em Londres desde 2012. O fundador do WikiLeaks é acusado de um crime de abuso sexual na Suécia, que nega. No entanto, Assange teme que, assim que saia da embaixada, seja extraditado para os Estados Unidos para ser acusado de espionagem, devido à atividade do WikiLeaks.