A comissão de inquérito da ONU sobre a Síria disse esta quarta-feira ter recebido informações de que os rebeldes estão a impedir a saída de civis de Alepo e que estão a usar estas pessoas como escudos humanos.

Num comunicado divulgado esta quarta-feira, a comissão internacional independente de inquérito indicou ter “informações de que grupos da oposição (…) impedem civis de saírem, bem como de combatentes da oposição infiltrados na população civil, o que aumenta o risco de civis serem mortos ou feridos”.

Os relatos implicam especificamente o grupo Jabhat Fateh al-Sham, anteriormente designado como Frente Al-Nosra e que assumiu a nova denominação após a rutura com a Al-Qaida, e o poderoso grupo rebelde islamita Ahrar al-Sham.

A comissão, um órgão independente de investigação que foi criado pelas Nações Unidas em 2011, tem a missão de recolher provas sobre as violações dos direitos humanos durante a guerra civil na Síria.

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Em outubro passado, o Conselho de Direitos Humanos da ONU mandatou esta comissão a abrir uma investigação especial sobre a crise vivida em Alepo (norte), a segunda maior cidade da Síria e já conhecida como cidade mártir.

As forças governamentais sírias, apoiadas pelas forças russas, lançaram nas últimas semanas uma forte ofensiva militar para recuperar a totalidade desta cidade às forças da resistência rebelde síria.

A comissão de inquérito também deu conta que existem relatos graves contra as forças pró-regime sírio em Alepo, incluindo informações sobre “execuções sumárias, detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados e recrutamento imposto”.

O órgão indicou igualmente que o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, tem agora um “controlo efetivo” da zona leste de Alepo, um antigo bastião das forças rebeldes, e como tal tem a “responsabilidade principal” de garantir que as violações dos direitos humanos naquela cidade sejam interrompidas.

No seguimento do acordo de evacuação de Alepo, anunciado na terça-feira, a comissão de inquérito reforçou os apelos da comunidade internacional e humanitária para que os civis sejam autorizados a deixar as zonas de conflito em segurança.

“Neste momento crítico, a ilusão de que uma vitória militar ainda é possível deve ser desencorajada”, frisou a comissão, no mesmo comunicado.