O presidente do Eurogrupo revelou esta segunda-feira, em entrevista ao diário holandês De Volkskrant, que, ao contrário do que estava à espera, Portugal não pediu a sua demissão na última reunião do Eurogrupo. “Esperava que o colega português [era o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Mourinho Félix] pedisse a minha demissão, mas ele não o fez“, disse Jeroen Dijsselbloem. O ministro holandês reconheceu que Portugal pediu a demissão “antes e depois” da reunião, mas que isso “não tem significado“, já que “se quisesse realmente a demissão, tinha de ter a colocado em cima da mesa na reunião [do Eurogrupo]. E isso não aconteceu”.

Na edição online, o De Volkstrant até coloca uma fotografia do debate em que Costa ataca Dijsselbloem.

Jeroen Dijsselbloem acrescentou que o ministro da Economia espanhol também “não exigiu” a sua “saída” e diz mesmo que, na reunião do Eurogrupo, “houve um apoio ativo e passivo”, já que “alguns consideraram a formulação infeliz, outros compreenderam exatamente o que queria dizer”.

O ministro holandês contou, na mesma entrevista, que “no início da reunião” fez questão de dizer que a escolha de palavras não foi a mais feliz, e pediu desculpa a quem “se sentiu ofendido”. Dijsselbloem garantiu que, depois disso, “ninguém mais quis discutir o assunto”. O presidente do Eurogrupo lembrou que “são muitos os que [no Eurogrupo] concordam”com a sua visão de “direitos e deveres” que expressou na polémica entrevista (a dos “copos e mulheres”). Mas, “no meio de toda a tempestade mediática, ninguém foi capaz de o dizer em frente a uma câmara ou em frente a um microfone.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na mesma entrevista, Dijsselbloem é questionado sobre o facto de António Costa, também “socialista”, o ter chamado de “racista e xenófobo”. Aí, o ministro holandês limitou-se a dizer: “Já disse publicamente que lamento o ruído à volta da questão“. O entrevistador insistiu que “Costa foi novamente agressivo” na reunião de líderes socialistas, tal como o líder da bancada dos socialistas no Parlamento Europeu, Gianni Pittela e a Alta Representante para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini e que só o comissário holandês, Frans Timmerans o defendeu. Ao que Dijsselbloem respondeu: “Timmermans lutou como um leão, pôs a cabeça no cepo por mim. Ele repetiu aos membros do partido: Jeroen não disse isso! Mas eles não estavam interessados em ler as declarações como elas eram na verdade. A entrevista já tinha sido reescrita três vezes pela imprensa espanhola, e, de cada uma das vezes, mais sensacionalista que a outra.”

Antes de os representantes dos países se sentarem na última reunião do Eurogrupo, a 7 de abril de 2017, o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Mourinho Félix, exigiu informalmente um pedido de desculpas a Jeroen Dijsselbloem — cujo som foi captado pelas câmaras de televisão –, que rispostou no imediato, dizendo que também estava “chocado” com a posição portuguesa.

Governo exige pedido de desculpas e Dijsselbloem reage: estou “chocado”