A economia angolana deverá recuperar da estagnação do ano passado e crescer 1,3% este ano e 1,5% em 2018, segundo o FMI, que atribui este crescimento ao aumento da despesa pública em ano de eleições.

Em Angola, uma perspetiva orçamental mais expansionista nas vésperas das eleições deste ano, juntamente com uma melhoria nos termos do comércio, deverá aumentar o crescimento para 1,3%”, escrevem os analistas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

De acordo com o relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais para a África subsaariana, Angola é, aliás, juntamente com a Nigéria e a África do Sul, um dos responsáveis pelo crescimento de toda a região este ano, que deverá ver a sua economia subsaariana crescer 2,6%, mas o FMI sublinha que cada país apresenta uma razão específica e irrepetível no contributo para o crescimento da região. Em Angola, é o aumento da despesa pública em ano eleitoral, ao passo que na Nigéria é o aumento da produção de petróleo e de produtos agrícolas, e na África do Sul o FMI sublinha a recuperação dos efeitos da seca e a melhoria nos termos do comércio.

Apesar de recuperar da estagnação do ano passado, a economia angolana mantém um crescimento muito abaixo da média desde o princípio da década, em que a expansão mais lenta foi de 2,4%, em 2009, em plena crise financeira e económica mundial.

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Entre as preocupações expressas pelo FMI está a acumulação de pagamentos em atraso por parte do Estado, que os analistas estimam já valer “pelo menos 2% do PIB”, ainda assim bastante abaixo dos 3% que os peritos estimam existir em Moçambique e São Tomé e Príncipe. Angola foi bastante afetada pela descida do preço do petróleo desde meados de 2014, originando um desequilíbrio nas contas públicas devido à diminuição de receitas fiscais, a que se juntou o abrandamento económico mundial.

Os países mais afetados por este novo ambiente de preços baixos ainda estão a debater-se com as pressões na balança de pagamento e a perda orçamental”, escreve o FMI, notando que “com os ajustamentos de política a serem adiados e ainda limitados nesses países, o contágio para os setores não petrolíferos continua a prejudicar a economia”.

A consolidação orçamental, concluem, “permanece um tema urgente, para pagar o declínio nas reservas internacionais e para compensar a perda de receitas”, diz o FMI, que estima que a inflação deverá chegar aos 27% este ano e baixar para 17,8% em 2018.

Sobre a dívida pública, um dos temas mais em destaque nos últimos meses devido ao aumento deste indicador por causa dos desequilíbrios orçamentais um pouco por todo o continente africano, o FMI diz que “as condições mais apertadas de financiamento e o maior recurso ao financiamento através de dívida pioraram o custo do serviço da dívida”.

Assim se explica que nos países exportadores de petróleo o peso da dívida sobre o PIB tenha aumentado sete vezes, passando de uma média de 8% em 2013 para 57% em 2016, sendo “especialmente agudo na Nigéria, com 66% e em Angola”, onde a dívida valia no ano passado 71,9% do PIB, devendo descer para pouco acima dos 60% já este ano.