Donald Trump terá revelado informação secreta sensível a Sergey Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, e a Sergey Kislyaknem, embaixador russo em Washington, numa reunião realizada na Casa Branca na semana passada, avançou o jornal norte-americano Washington Post esta segunda-feira. A informação terá sido obtida pelo jornal através de atuais e antigos oficiais norte-americanos que consideram que o Presidente dos Estados Unidos colocou em risco uma fonte essencial de informações sobre o auto-proclamado Estado Islâmico (Daesh).

Fontes próximas da Administração, contudo, já vieram desmentir o caso. “Em nenhum momento se discutiram fontes de informação nem métodos ou operações militares que já não fossem conhecidos do público”, disse o conselheiro para a Segurança Nacional de Donald Trump, o general McMaster, citado pela agência Reuters.

Segundo a notícia do Washington Post, a informação que Trump terá partilhado com o ministro Sergey Lavrov e o embaixador Sergey Kislyaknem nem sequer era conhecida de alguns aliados dos Estados Unidos — nem dos próprios membros do governo norte-americano — quanto mais dos russos que, no xadrez da guerra na Síria, se opõem aos Estados Unidos e apoiam o presidente sírio Bashar al-Assad.

A informação que o presidente terá transmitido, continua o Washington Post, foi primeiramente partilhada com os Estados Unidos através de um acordo de transferência de informação entre o país e um dos seus aliados, considerado extremamente sensível pelas fontes do jornal norte-americano — tão sensível que os detalhes desse sistema não são conhecidos nem pela totalidade dos países aliados nem dentro do próprio governo norte-americano.

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Em julho, Trump tinha escrito no Twitter, que Hillary Clinton, sua concorrente na corrida à Casa Branca, não tinha “qualquer cuidado no que toca ao manuseamento de informação sensível e secreta”. Este tweet foi “desenterrado” pelo diário britânico Guardian e chega numa altura em que Trump está sob fogo por causa da demissão do ex-diretor do FBI James Comey, o homem que liderava as investigações sobre as eventuais ligações entre a equipa de Trump e os russos durante a campanha para as presidenciais de novembro de 2016.

O parceiro dos Estados Unidos neste acordo — que não é revelado — não terá dado autorização a Donald Trump para partilhar material de qualquer tipo, e esta revelação coloca em causa, dizem os oficiais, a colaboração entre os Estados Unidos e um aliado com conhecimento próximo das movimentações e modus operandi do Daesh.

“A informação é code-word“, disse um dos oficiais próximos do assunto, utilizando terminologia que remete para os níveis mais elevados de classificação confidencial utilizados pelas agências de informações norte-americanas.

A notícia já provocou reações entre os Republicanos. “A Casa Branca tem de fazer alguma coisa urgentemente para reaver o controlo e colocar as coisas em ordem. Obviamente estão numa espiral descendente e têm que entender o que está a acontecer e como controlar a situação”, disse aos jornalistas Bob Corker, republicano e presidente do Comité de Relações Internacionais.

Apesar de não constituir qualquer delito — o presidente pode tornar pública qualquer informação que desejar — esta notícia coloca em causa o respeito pelas fontes dos Estados Unidos, “o que para a comunidade que trabalha nos serviços de informações é uma chapada”, escreveu no Twitter Mark Warner, democrata Virgínia e presidente do Comité dos Serviços de Informações.