As conclusões do relatório de desempenho do SIRESP no incêndio de Pedrógão Grande dizem que o sistema esteve sempre a funcionar e que as operações não foram comprometidas. “Não houve interrupção no funcionamento da rede SIRESP, nem houve nenhuma Estação Base que tenha ficado fora de serviço em sequência do incêndio”, diz o documento elaborado pela empresa que gere o SIRESP e que foi esta terça-feira publicado no site do Governo.
O mesmo documento descreve que existiram “mais de 100 mil chamadas no período crítico, das 19h00, de dia 17, às 09h00, de dia 18, através de 1092 terminais” e “mais de um milhão e cem mil chamadas processadas em cinco dias contados desde o início do incêndio, através de 3031 terminais“. Estes números, diz o relatório, “demonstram que o desempenho da rede SIRESP correspondeu e esteve à altura da complexidade do teatro das operações, assegurando as comunicações e a interoperabilidade das forças de emergência e de segurança“.
De acordo com o documento, “registaram-se situações de saturação da rede, embora, durante o dia 17 — o mais mortífero — “estas não tenham sido significativas, particularmente até às 23h00.” Quanto ao motivo da saturação, o relatório explica que esta “não foi originada por nenhuma falha da rede, mas por uma procura de tráfego superior à capacidade disponível”.
A estação móvel chegou ao terreno no dia 18 às 09h32. A partir das 12h14 começaram a ser desligadas as estações base na zona de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Pampilhosa da Serra, Malhadas e Serra da Lousã. O sistema nunca esteve em baixo, de acordo com o relatório.
Chamadas mais curtas, mais estações móveis
O relatório faz ainda recomendações técnicas para melhorar o serviço embora isso implique mias gastos. No que diz respeito a circuitos de transmissão, “dever-se-á avaliar a relação custo-benefício de instalar transmissão redundante — tipicamente, através de feixes hertzianos — em algumas estações base consideradas estratégicas.”
No que diz respeito à saturação da rede, o relatório diz ser necessário que a maior utilização não se traduza em degradação de qualidade do serviço e, por isso, faz recomendações como “reduzir o número de grupos de conversação (talkgroups) em operação”,”evitar chamadas privadas em situações de emergência” ou “assegurar a disciplina nas comunicações, destacando-se a utilização de chamadas curtas e objetivas e a utilização da rede.”
É ainda sugerido, no que diz respeito às “estações móveis”, que estas passem a ser geridas pela Entidade Operadora, já que “fica provado que o modelo atualmente em vigor não permite uma resposta rápida perante situações extremas”. Ou seja, recomenda que as antenas móveis deixem de estar sob a alçada de forças específicas, como a GNR ou a PSP. É ainda sugerido que uma estação móvel esteja no sul e outra no norte antes do período de incêndios. Além disso, é sugerido que sejam adquiridas mais estações móveis.
Para evitar falhas de energia elétrica no sistema — que em Pedrógão não se verificaram, mas que é um dos problemas já identificados noutras ocasiões — é recomendado que seja assegurada a “utilização de geradores nas estações mais críticas e a constituir uma reserva de geradores para serem mobilizados em situações de contingência”.