O jornal Washington Post seguiu, verificou e contabilizou todas as falsas afirmações que o presidente norte-americano Donald Trump fez desde que tomou posse no início do ano. O resultado é uma infografia interativa e detalhada que cruza todas as ocasiões em que o chefe de estado norte-americano mentiu, omitiu ou alterou informações de forma deliberada desde que entrou na Sala Oval. Em 214 dias, Trump mentiu mais de mil vezes: vai em 1057. A meta de mil “factos alternativos” foi atingida entre 4 e 5 de agosto.

O jornal norte-americano escreve que este “é um número impressionante para qualquer padrão” e assume que se atrasou a publicar esta informação, “porque temos estado muito ocupados a tentar acompanhar o dilúvio de afirmações feitas pelo presidente no fim de julho”. Agora que Trump está “de férias, já nos atualizámos”.

A continuar a este rimo, Donald Trump mantém uma média de cinco mentiras por dia, sendo que “muitas são repetições de afirmações que já fizera antes”. O jornal não deixa de lado nem a viragem de posição em determinados assuntos — e acusa o presidente norte-americano de “flip-flops” (que é como quem diz, de ser um vira-casacas). Destacam-se as opiniões sobre a bolsa de valores e a estratégia militar para o Afeganistão.

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O jornal diz ainda que a afirmação mais repetida, embora com variações, diz respeito ao “Affordable Care Act” (vulgo Obamacare). Por mais de 50 vezes, Donald Trump disse que o Obamacare estava “a morrer” ou “essencialmente morto“.

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O Gabinete de Orçamento do Congresso já garantiu que, apesar de problemas documentados, o Obamacare “não está a implodir” e prevê-se “estável para o futuro”, mesmo depois de o Congresso não ter conseguido (ainda) aprovar uma lei que extingue o programa legislativo. Saiba mais sobre o Obamacare neste Explicador.

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Uma das acusações preferidas é também a de que “os Estados Unidos já gastaram 6 triliões de dólares nas guerras do Médio Oriente” (esse valor chegava, por exemplo, para pagar os estudos universitários a 50 milhões de estudantes). Trump disse, por várias ocasiões, que esse dinheiro podia “repavimentar a América”, ou “pagar o muro”. Mas, na verdade, este valor combina as guerras do Iraque e do Afeganistão (que fica na Ásia e não no Médio Oriente) e ainda inclui todas as futuras obrigações com veteranos até 2053.

Esta infografia do Washington Post segue a tendência do fact check ao presidente dos EUA, algo que quase todos os órgãos de comunicação norte-americanos já fazem com frequência.

Em janeiro, o New York Times lançou uma página interativa de “todas as pessoas, lugares e coisas que Donald Trump já insultou no Twitter”. Desde então que está sempre em atualização.

Clique aqui para ver a infografia do Washington Post.