Ovos. Mexidos, cozidos, escalfados, todos direitinhos numa omelete, Benedict, com salmão, com brioche, com trufas pretas. Ovos que nunca mais acabam. Afinal, o que é que se pode pedir mais de um pequeno-almoço, se não ovos com fartura? Julien Garrec é da mesma opinião e, há menos de um ano, trocou a movida de Brooklyn — atualmente uma das zonas mais cool de Nova Iorque –, pela soalheira Lisboa. A mudança não foi inocente. Este francês de 30 anos veio para abrir o Dear Breakfast, uma cafetaria dos tempos modernos, onde o pequeno-almoço é a única refeição possível.

“Quando me mudei para Lisboa, já me tinha apaixonado pela cidade. Percebi que não havia muitos sítios para comer ovos. É ótimo porque, de manhã, quando se está com fome ou, sobretudo, se se estiver de ressaca, este é o pequeno-almoço perfeito”, afirma Julien. E depois de umas semanas a viver como um verdadeiro lisboeta, ainda ficou mais convencido. Com a noite a durar até de manhã, não admira que dê jeito ter quem nos sirva o pequeno-almoço até às quatro da tarde. No caso dos fins de semana, a porta fecha uma hora mais tarde.

O espaço foi concebido pelos arquitetos Carlos Aragão e João Pombeiro Machado. © André Carrilho/Observador

Escusado será dizer (outra vez) que a especialidade são os ovos. As opções vão das receitas mais simples a pratos com um quê de sofisticação, como é o caso dos Florentine (7€), com espinafres e molho holandês, e dos Rothko (9€), um ovo escalfado dentro de um brioche, acompanhado de tomate e chouriço. A comandar a cozinha está Raquel Patronilho, que deixou o hotel Ritz, onde também preparava os pequenos-almoços. A escola não podia ser melhor, até mesmo quando falamos de outros pratos. A salada de frango, a sopa da casa e a tosta de abacate compõem a carta. Por 14€, o menu de pequeno-almoço enche-lhe a mesa (e a barriga) com um bocado de tudo.

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A lista de bebidas foi pensada na mesma lógica. Além dos clássicos de cafetaria, os sumos e smoothies são preparados com produtos portugueses, tal como tudo o que se prova no Dear Breakfast. Curiosamente, os chás só têm mesmo de caminhar uns metros. São da Companhia Portugueza do Chá, na Rua do Poço dos Negros, um vizinho que já ganhou fama. “Está a acontecer algo de muito especial nesta zona”, diz Julien. O proprietário fala no nascimento de um bairro foodie. Pois bem, ficou com o velho armazém da Rua das Gaivotas e veio fazer parte da nova vaga.

Um dos menus de pequeno-almoço. © André Carrilho/Observador

O espaço é cheio de claridade. Os arquitetos Carlos Aragão e João Pombeiro Machado assim quiseram. Tudo é português, incluindo as plantas, tanto as que já vieram, como as que ainda estão por vir. Só a seleção de revistas e partes da banda sonora é que fogem à regra. Julien admite que passa horas de volta desta última parte e que tem tido algumas surpresas com músicos portugueses. A última foi a discografia de Norberto Lobo. “A minha ideia foi criar um espaço que fizesse as pessoas sentirem-se bem com a ideia de acordarem e saírem de casa”, acrescenta. Parece que Julien sabe bem o que custa sair da cama em certos dias.

O Dear Breakfast abriu há duas semanas e guarda muitas novidades para setembro. Uma delas é a sala no andar de baixo, mais recatada e a pensar nos clientes que querem levar o computador ou ter uma reunião mais informal. Mas o melhor vem a seguir. O brunch também chega no próximo mês, traz novos pratos, se bem que as maiores novidades vão ser para beber. E não é preciso ir além dos clássicos: mimosas e bloody marys. No capricho e com direito a refill, imagine-se. Tudo porque há manhãs difíceis, seja a que horas for.

Nome: Dear Breakfast
Morada: Rua das Gaivotas, 17, Lisboa
Horário: De segunda a sexta das 9h às 16h e sábado e domingo até às 17h
Site: www.dearbreakfast.com