O inseticida que está a ser usado em Cabo Verde para combater os mosquitos é eficaz, concluiu o estudo mandado elaborar pelo Governo para perceber as causas do aumento exponencial de casos de paludismo este ano no país.

O estudo que foi efetuado era em relação à resistência [dos mosquitos] ao inseticida. O inseticida que está a ser utilizado serve e tem uma alta capacidade de eliminar o paludismo. Agora temos que ver o que precisamos fazer”, disse esta segunda-feira aos jornalistas, na cidade da Praia, o ministro da Saúde cabo-verdiano, Arlindo do Rosário.

Cabo Verde registou já este ano o maior número de casos de paludismo em quase 30 anos, perto de 170, numa altura em que a época crítica da doença está apenas a começar.

O estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP) cabo-verdiano, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), pretendia avaliar a resistência dos mosquitos aos produtos utilizados, bem como fazer o mapeamento dos viveiros. A realização do estudo foi decidida depois de ter sido levantada a hipótese de os mosquitos estarem a desenvolver resistência ao produto inseticida que está a ser usado em Cabo Verde.

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Segundo Arlindo do Rosário, o estudo apontou que o aumento dos casos poderá estar associado ao uso tecnicamente incorreto do produto.

Uma das conclusões aponta que terão que ser trabalhadas a diluição do inseticida ou o método de pulverização. São questões que poderão influenciar o efeito do inseticida e isso também está a ser estudado”, assegurou o ministro.

Com os tradicionais picos das infeções a decorrerem habitualmente nos meses de outubro e novembro, Arlindo do Rosário sublinhou a necessidade e não “baixar a guarda” e continuar a atacar os viveiros criadores de mosquitos e reforçar a luta contra os mosquitos adultos, que vivem dentro das casas.

Reforçamos as equipas que estão no terreno e a câmara está a trabalhar para eliminar os pontos onde a água está estagnada”, disse Arlindo do Rosário.

O ministro, que já na semana passada tinha dado conta da redução da média diária de casos de paludismo, disse que atualmente se regista na cidade da Praia um caso por dia. Segundo o mais recente boletim sobre a evolução dos casos de paludismo, até 24 de setembro tinham sido registados em Cabo Verde 267 casos, 254 contraídos localmente e 13 importados.

Foram registadas duas mortes, uma em São Vicente e outra na cidade da Praia, onde foram registados 259 dos 267 casos. Desde julho (44 casos) que o número de casos de paludismo vem aumentando em Cabo Verde, tendo-se registado em agosto 83 casos e setembro 120 casos, o que levou as autoridades de saúde a declarar uma epidemia de paludismo na cidade da Praia.