Todos os anos, no início do período da Quaresma, o Papa cancela todos os compromissos durante uma semana e junta-se aos restantes membros da Cúria Romana para um retiro. Durante essa semana, é apenas um bispo normal: à exceção da cor da batina — branca para o Papa, preta para todos os outros — nada o distingue dos restantes participantes naquela semana de oração nos arredores de Roma.
Este ano, o padre e poeta português José Tolentino Mendonça foi escolhido para ser o orientador espiritual deste retiro, que termina na sexta-feira, cabendo-lhe a preparação das dez meditações que os participantes vão tomar como ponto de partida para as suas reflexões.
O vice-reitor da Universidade Católica de Lisboa preparou um retiro em torno do tema da “sede” e durante esta semana tem falado aos participantes todas as manhãs e todas as tardes. Numa das sessões, dedicada ao “espanto”, Tolentino Mendonça até citou Fernando Pessoa.
O retiro teve início no último domingo à tarde, altura em que o papa Francisco apanhou um autocarro juntamente com os restantes membros da Cúria e se dirigiu à Casa Divino Maestro, em Ariccia, nos arredores de Roma. Nesse dia, os vários bispos juntaram-se para rezar as vésperas e ouvir a primeira meditação conduzida por Tolentino Mendonça.
Entre segunda e quinta-feira, os participantes levantam-se bem cedo para celebrar a missa ainda antes do pequeno almoço, e passam a manhã toda com Tolentino Mendonça. Depois do almoço, que acontece às 12h30, os participantes têm tempo livre até às 16h, altura em que se juntam de novo ao padre português para a meditação da tarde.
Nas meditações, o sacerdote pega em passagens bíblicas para as comentar, cruzando-as com outras sugestões literárias para dar material de reflexão aos bispos e padres da Cúria Romana — os membros mais importantes do governo da Igreja Católica.